Testes de fumaça: Como validar o interesse dos usuários? - PM3
Michele De Lima

Michele De Lima

Analista de Produto na PM3

9 minutos de leitura

10 Perguntas e respostas em entrevistas para Analista de Dados

Você provavelmente conhece alguém que tenha criado uma solução que, apesar de bem formulada, não obteve a aceitação no mercado. Essa situação costuma decorrer principalmente de dois fatores:

  1. O problema em foco não existia;
  2. O problema existia, mas a solução proposta não o resolve.

Se ao menos houvesse uma maneira de validar uma ideia revolucionária sem ter que pular de cabeça no seu desenvolvimento… Boas notícias: testes de fumaça podem ser a solução! 

O termo se popularizou no mundo do desenvolvimento e se refere ao processo que verifica a estabilidade de funcionalidades básicas de um software. No universo de produtos e negócios, “Teste de Fumaça” se trata de uma técnica que, fazendo utilização de recursos mínimos de tempo, esforço e dinheiro, coloca os usuários em situações que pareçam reais, mas são fictícias, permitindo com que a aceitação de uma ideia seja testada.

É possível que, em muitos casos, os testes de fumaça consigam substituir o conceito de Produto Mínimo Viável (MVP), já que nos ajudam a responder à pergunta: “As pessoas realmente se interessam por esta solução?”.

Um teste de fumaça pode assumir várias formas. Abaixo, listamos 7 alternativas que podem ser úteis para validar a sua próxima grande ideia.

Landing Pages

As landing pages são ótimas para coleta rápida de interesse. Um Teste de Fumaça usando landing page se trata, basicamente, de descrever o produto ou serviço em uma página da internet e pedir que os visitantes forneçam seus emails. 

Existem algumas variações interessantes dessa técnica:

Página “Em breve” básica

É uma página de destino explicando brevemente a ideia, seus benefícios e contendo um CTA ao final, como “Compre agora” ou “Quero saber mais”.

Essa é uma alternativa rápida, barata e fácil de atualizar caso queira refinar o texto ou remover algum elemento enquanto o teste está rodando.

O objetivo é entender, entre os visitantes da página, quantos se interessaram o bastante pela ideia a ponto de concluir uma ação simples desejada.

Página “Em breve” + Etapa Adicional

Crie uma etapa adicional à sua página de destino para entender se os usuários realmente se interessam pela sua ideia a ponto de realizarem uma tarefa extra antes de clicarem no CTA para sinalizar interesse. Por exemplo, responder a algumas perguntas.

A diferença dessa alternativa para a anterior é que a adição de esforço aumenta o nível de validação da ideia (mas diminuirá a captura de e-mails).

Página “Em breve” + Vídeo explicativo

Inclua um vídeo com a gravação de um protótipo da sua solução.

Esse é um tipo de teste que fornece às pessoas uma compreensão mais profunda de um produto ou serviço, de modo que se torna especialmente útil para ideias que são inéditas ou difíceis de compreender

Esse foi o MVP do DropBox, por exemplo. Era inútil simplesmente perguntar às pessoas se elas gostariam de ter acesso a algo como o DropBox. O armazenamento em nuvem era um serviço pouco conhecido, e explicá-lo através de analogias não ajudava muito. 

Até que um dos fundadores produziu um vídeo de como aquela ideia deveria funcionar. Três minutos foram o suficiente para convencer 75 mil pessoas de que elas precisavam ter acesso àquilo. O vídeo capturou o público interessado, que validou a ideia.

Entretanto, é necessário ponderar com cuidado o custo-benefício desta alternativa, criar um bom vídeo explicativo pode ser difícil, demorado e caro.

É possível criar uma Landing Pages sem qualquer necessidade de código. Com uma busca rápida no Google você encontrará várias opções possíveis, como o Wix, o Canva, o Google Sites ou o UCraft.

Lista de espera com promessa de Versão Beta

Esse teste é especialmente útil caso necessite medir, além do interesse, também o efeito de crescimento viral de determinada ideia. Trata-se de disponibilizar uma lista de espera onde os interessados terão acesso à versão beta de determinada solução.

Há duas variações interessantes deste teste que você precisa considerar:

Oportunidade exclusiva

Nessa variação, os primeiros interessados (ou seja, os primeiros que fornecerem os seus dados) serão comunicados que estão fazendo parte de um grupo seleto de testadores, e o compartilhamento da lista para pessoas fora do grupo é proibida. 

A “proibição” pode, na verdade, impulsionar o possível efeito de crescimento viral da ideia, fazendo com que as pessoas pensem que compartilhar a lista com seus amigos tem ainda mais valor.

Mudança de lugar na fila

A diferença nesta variação é que o usuário receberá a informação de que, no momento em que fornecer seus dados, ele estará em uma determinada posição na lista de espera. Se quiser subir (e acessar a solução antes), precisará compartilhar a lista com outros usuários ou fazer um post sobre o produto/serviço nas suas redes sociais.

Depois de algum tempo, você compara a lista original de pessoas que contatou com a lista real de inscrições. Se o compartilhamento for alto, estamos diante de uma ideia com bons indícios de viralidade. 

 A implementação desse tipo de teste deve ser realmente simples. Sua construção pode ser feita usando até mesmo o Google Forms.

Teste de Porta Falsa (Fake Door)

Os testes de Porta Falsa influenciam o usuário a acreditar fortemente que uma ideia já está totalmente implementada enquanto, na realidade, ela só está parcialmente pronta ou sequer teve o seu desenvolvimento iniciado.

Um exemplo prático: você quer testar se determinada funcionalidade será relevante para o público do seu aplicativo, então adiciona um botão no app que dê a entender que a funcionalidade já existe. 

Ao clicar no botão, o usuário receberá uma simpática mensagem de “Opa! Essa função ainda não está disponível.” e, enquanto isso, o seu sinal de interesse será prontamente computado. O que você fará em seguida é acompanhar o percentual de cliques.

A Porta Falsa é um teste barato, fácil de implementar e capaz de obter um sinal razoável de interesse. Ainda assim, precisamos fazer algumas ponderações:

  • O usuário pode se sentir imediatamente “enganado” pelo teste;
  • Muitas pessoas clicam em botões por curiosidade e não necessariamente interesse. É preciso observar as métricas com cuidado;
  • Se o que está sendo testado é o interesse de compra, quanto mais a Porta Falsa avançar na transação de compra, maior será a sua força de validação. Clicar em uma oferta não é a mesma coisa que adicioná-la ao carrinho, que não é a mesma coisa que fornecer os dados do seu cartão de crédito, e, por sua vez, não é a mesma coisa que clicar em “finalizar transação”. Entretanto, isso também pode aumentar a frustração do usuário ao descobrir que a solução ainda não está disponível.

Pré-venda

Neste tipo de teste, os pagamentos antecipados funcionam como um forte indicativo para a validação da ideia. Nenhum teste indica melhor o interesse do usuário do que um pagamento realizado.

Entretanto, apesar de ser um teste muito interessante para alguns contextos, caso a solução testada não conte com conversões o suficiente que justifiquem o seu desenvolvimento, será necessário executar o reembolso, o que pode ser trabalhoso, custoso e também gerar um grande sentimento de frustração no usuário. 

Essa alternativa pode ser um pouco mais complexa do que os demais testes que vimos até aqui e necessita de um planejamento mais cuidadoso antes de ser executada.

Como atrair pessoas para o meu teste?

Para que um teste obtenha sucesso ou não, as pessoas precisam passar por ele. Nesse caso, mais importante do que atrair muita atenção é atrair a atenção de usuários que tenham possibilidade de se importar com aquela ideia. Antes de tudo, portanto, você precisa refletir sobre quem é o seu cliente-alvo.

Canais pagos, como Google Ads e anúncios no Facebook,possibilitam o alcance às pessoas certas por meio de palavras-chave ou por perfil de usuário. Isso significa que você se aproveitará de uma base enorme de usuários para canalizar tráfego relevante ao seu teste.

Se você deseja testar novas ideias ou funcionalidades em um produto que já existe, é uma boa alternativa segmentar a sua própria base de usuários. 

Testes A/B ou testes multivariados podem ser mais fáceis de serem aplicados neste contexto e, quando usados em conjunto com os testes de fumaça, nos permitem observar a aceitabilidade de suposições ainda mais arriscadas.

Por último, é importante dizer que, nesta etapa de divulgação do teste, é importante ter em mente um orçamento diário máximo que poderá ser gasto, assim como uma noção clara de tempo em que o teste deverá ficar disponível até que insights conclusivos possam ser coletados.

Conclusão

Existem muitas formas de explorar testes de fumaça, esse foi apenas um resumo rápido! Ainda assim, agora você já tem uma boa base para começar a explorar o conceito. Que tal usar essas dicas para validar uma ideia antiga?