Contra dados não há argumentos: o processo de Discovery da PM3
Priscilla Lugão

Priscilla Lugão

Coordenadora de Produto da PM3

11 minutos de leitura

Como vocês já devem saber, a nossa visão é tornar o Brasil referência mundial em Product Management. Sabemos que ainda não chegamos lá, mas também sabemos que os nossos cursos ajudaram nossos alunos a:

✅ Expandir conhecimento em técnicas e boas práticas de Product Management;

✅ Aprofundar conhecimento em práticas e processo de Product Discovery;

✅ Aprender as técnicas mais atuais e as boas práticas de Product Growth;

E agora? Para descobrir os nossos próximos passos obviamente demos início a um processo de Discovery. ?

Como já diz o ditado “em casa de ferreiro, o espeto é de pau ferro”, e aqui na PM3 levamos isso muito a sério, por isso procuramos sempre aplicar as melhores práticas que ensinamos no nosso dia-a-dia!

Quem já fez o nosso Curso de Product Discovery, já sabe do que eu tô falando, mas quem ainda não fez vai conhecer agora uma forma de desenvolver esse processo usando Jobs To Be Done!

Nosso processo teve 5 fases

  • Definição do que queremos responder com esse Discovery e o Job principal;
  • Pesquisa qualitativa para levantar principais outcomes + análise de resultados;
  • Pesquisa quantitativa usando outcomes + análise de resultados;
  • Benchmark;
  • Construção da solução a partir dos oppotunity gaps.

O que queremos responder?

Para começar, sabíamos que nosso intuito era ajudar profissionais a passar em processos seletivos de produto, mas não era só isso, precisávamos entender qual era o maior ponto de dor, para quem faríamos esse produto, qual seria nossa proposta de valor, nosso foco – ufa, era coisa demais! Para dar um norte definimos 6 perguntas que deveriam ser respondidas ao longo do Discovery:

  1. Qual é o foco que temos que dar durante o curso?
  2. Vamos ajudar as pessoas a conseguirem entrevistas ou a passarem em processos seletivos?
  3. Vamos focar em cases ou nas entrevistas?
  4. Quanto vamos aprofundar em “melhorar o currículo”?
  5. Quão forte vai ser nossa value proposition para focar em pessoas que querem mudar de carreira vs pessoas que só querem mudar de emprego e já trabalham com produto?
  6. Qual perfil de cliente ideal para esse curso?

Com elas teríamos clareza de qual caminho seguir, quais as maiores dores dos nossos usuários, como abordar essas dores, quais os principais outcomes que os usuários buscam e qual importância daríamos a cada assunto que seria abordado na futura ementa.

Que comecem os jogos

Antes de qualquer coisa precisávamos de informações essenciais sobre os (futuros) usuários alunos e alunas desse curso, por isso foram feitas entrevistas qualitativas com cerca de 20 pessoas, para entender o contexto, expectativas, dores e momento profissional de cada um.

Algumas dessas pessoas estavam em transição de carreira, enquanto outras não, apesar do job to be done ser o mesmo (passar em um processo seletivo de produto), essa diversidade de perspectivas nos permitiu comparar as dores de acordo com contexto e entender se os outcomes eram parecidos de alguma forma.

As nossas perguntas foram focadas principalmente nas dificuldades (antes, durante e depois) na transição para Produto, os motivos que levaram essas pessoas a querer trabalhar na área e o quão difícil foi essa migração. Ainda tem dúvidas sobre pesquisas qualitativas e como conduzir? Dá uma olhada nesse conteúdo que vai ficar BEM mais claro! > ? Como extrair Jobs-to-be-done das entrevistas com usuários.

Outcomes e mais outcomes

Ainda não sabe a diferença entre outputs e outcomes? Então para um pouquinho sua leitura e dá uma olhada nesse conteúdo aqui > ? Como fazer um roadmap guiado pelos usuários e resultados ao invés de funcionalidades

Agora que estamos alinhados, vamos voltar ao que interessa! Depois de compilar os resultados das entrevistas qualitativas foi feita uma análise para levantar os outcomes principais que se repetiam entre os entrevistados. Com essa análise de resultados já conseguimos ter um bom direcionamento sobre as respostas das perguntas 1, 2, 3 e 4, mas elas ainda eram hipóteses que precisavam de validação!

Quando fazemos isso pode ser que tenhamos 8 ou 80 outcomes diferentes, e aí cabe ao time fazer uma triagem do que realmente é importante para o JTBD a ser resolvido e o que podemos deixar para depois. Se mesmo assim você ainda tiver 50 outcomes, todos os 50 devem passar para a próxima fase do Discovery, na qual vamos entender qual a importância de cada um para os usuários e quão satisfeitos eles estão hoje.

Vale ressaltar que quanto mais outcomes, mais complexa a pesquisa quantitativa, por isso, recomendamos que o time faça um esforço de reduzir ao máximo a quantidade de outcomes e levar para a pesquisa os que realmente conversam com o JTBD!

No nosso caso tivemos 7 outcomes:

  1. Ter mais certeza de que os recrutadores verão meu currículo
  2. Aumentar minhas chances de ser chamado para uma entrevista
  3. Aumentar minha confiança de que farei uma boa entrevista
  4. Aumentar minha confiança de que apresentarei um bom case no final do processo seletivo
  5. Aumentar minha confiança sobre o que um Product Manager faz
  6. Minimizar o tempo e o esforço necessários para me preparar para um processo seletivo
  7. Minimizar o tempo e o esforço para achar vagas que tenham fit com o meu perfil

O desafio agora é priorizar e definir qual foco o curso terá, para isso vamos fazer uma pesquisa quantitativa para entender o gap de oportunidade em cada outcome e, assim, construir a solução baseado nas maiores oportunidades.

Quanto mais, melhor

Entramos na fase da pesquisa quantitativa a partir dos outcomes descobertos na etapa anterior.

Escolhemos usar o Google forms para disparar nossa pesquisa, mas você também pode usar Typeform, SurveyMonkey ou outra ferramenta que desejar.

A nossa primeira pergunta segmentava as respostas em alunos PM3 e ainda não alunos, para fim de comparação, vai que nossos alunos priorizam alguns outcomes diferentes dos outros.

Nem só de outcomes vive a pesquisa, além disso queríamos desenhar o perfil da proto-persona do curso, por isso nossa pesquisa tinha algumas informações que eram cruciais para esse desenho, como cargo atual, se sempre trabalhou com Produto, fez transição, ou não, se trabalha diretamente na área, há quanto tempo trabalha com Produto, dificuldade da transição (quando é o caso) e por aí vai!

Também aprofundamos um pouco nas questões de quem fez uma transição, para entender as maiores dificuldades, como foi o processo e qual foi a motivação principal.

Agora sim, vamos aos opportunity gaps!

Na aula do Marcell Almeida, no Curso de Product Discovery, essa prática é abordada com mais detalhes, tanto o como fazer a pesquisa qualitativa, quanto como analisar os resultados!

Para cada um dos 7 outcomes pedimos para as pessoas classificassem o quão importantes eles eram, usamos uma escala de 1 a 5 para classificação:

  • 1 Nada importante
  • 2 Um pouco importante
  • 3 Mais ou menos importante
  • 4 Muito importante
  • 5 Extremamente importante

Também pedimos que as pessoas classificassem o nível de satisfação atual em relação aos outcomes, na mesma escala de 1 a 5:

  • 1 Nada satisfeito
  • 2 Um pouco satisfeito
  • 3 Mais ou menos satisfeito
  • 4 Muito satisfeito
  • 5 Extremamente satisfeito

Distribuímos essa pesquisa para TODOS os nossos alunos, além de divulgar nas redes sociais, grupos de Whatsapp focados em produto, a intenção aqui era obter volume suficiente de respostas para que os resultados fossem o mais próximo de um espelho da realidade possível!

Contra dados não há argumentos

Chegou a hora de pegar todas essas resposta e entender os opportunity gaps, ou seja, onde está a maior oportunidade.

Para cada outcome vamos fazer a seguinte conta:

Gap de oportunidade = Importância + (Importância – Satisfação)

A importância é calculada somando a porcentagem de pessoas que deram nota 4 ou 5 para o grau de importancia, a satisfação também é calculada dessa forma.

Por exemplo, para o outcome 7 (Minimizar o tempo e o esforço para achar vagas que tenham fit com o meu perfil) tivemos 31% das pessoas dando nota 4 de importância e 23% dando nota 5, então nosso score de importância é 54. Em relação a satisfação, 21% deram nota 4 e 9% nota 5, então nosso score de satisfação é 30!

Nesse caso o score de oportunidade seria 54 + (54 – 30), ou seja, 78!

Fizemos essa conta para todos os nossos outcomes e queremos te dar de presente uma planilha template para você começar a praticar desde já, é só preencher seus dados no final desse artigo e fazer o download ?

Tá Pri, mas e aí, o que eu faço com esse número, como saber se a oportunidade vale a pena? Calma! Existem níveis de oportunidade para te ajudar nisso:

● >115: oportunidade gigante 

112 a 115: boa oportunidade 

100 a 111: vale a pena considerar 

● <100: geralmente não atrativo

As oportunidades com maior score são aquelas que os entrevistados julgam muito importantes e estão pouco satisfeitos, ou seja, são outcomes não atendidos ou mal atendidos pelas soluções que já existem. Já aqueles scores mais baixos podem ter 2 explicações, excesso de oferta para sanar o outcome (mesmo que ele seja importante), ou os entrevistados não consideram ele tão importante assim!

Ufa, e agora?

Agora temos nossos gaps de oportunidade claros, além das respostas para as perguntas 1, 2, 3 e 4, direcionamento nossa proposta de valor e informações suficientes para construir a proto-persona do curso!

Aqui é importante fazer (o famigerado) benchmark com outras empresas (brasileiras e gringas) que focam no mesmo problema que você quer resolver, mesmo que não explorem as opotunidades que você mapeou, é interessante entender para onde o mercado está apontando e o que já é feito.

Depois de tudo isso temos em mãos as ferramentas para priorizar os assuntos que queremos abordar, qual perfil de usuário buscamos, quais assuntos precisamos dar mais foco e quais habilidades precisamos buscar em parceiros para fazer nossa solução acontecer da melhor forma!

Quer fazer um bom processo de Discovery para o seu negócio?

Clique aqui para baixar o template de pesquisa com jobs to be done que desenvolvemos durante este processo. Esse material poderá te ajudar a organizar e priorizar as informações durante os fluxos, além de trazer insights significativos para seu produto!

Para aprender muito mais sobre frameworks, métricas e ferramentas e saber tudo o que há de novo no processo, garanta sua vaga no nosso curso de Product Discovery! Tenha acesso por um ano, a mais de 30 horas de conteúdo em videoaulas, artigos cuidadosamente selecionados, um time de peso de 14 instrutores de empresas como Nubank, Booking.com, PicPay, Itaú, Revelo, OLX e muitas outras. Baixe a ementa do curso e dê um upgrade nos seus conhecimentos em Product Discovery!

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