Cultura e negócios: como balancear e evitar confrontos?
Equipe de conteúdo - PM3

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9 minutos de leitura

Panorama do Mercado de Produto

No sexto episódio do Mesa de Produto, primeiro programa do PM3 Talks – podcast da PM3 – Marcell Almeida (CEO e cofundador da PM3) lidera uma conversa sobre o equilíbrio entre a busca por resultados de negócio e a construção de uma cultura saudável dentro de uma empresa.

Para falar mais sobre o tema, temos Raphael Farinazzo (Head of Product na unico IDtech) como co-host e Fernanda Faria (Product Manager na Belvo) e Paulo Sellos (Group Product Manager na Conta Simples) como convidados. Quer saber o que rolou?

Selecionamos neste post alguns trechos da conversa, mas você pode ouvir o episódio completo pelo player a seguir:

Afinal, o que é cultura?

Partindo da premissa que falar sobre cultura é algo que envolve diferentes visões e perspectivas sobre um mesmo assunto, o pontapé inicial para a conversa é justamente a definição do conceito de cultura.

“A forma mais simples de pensar é: cultura é o jeito que fazemos as coisas aqui. Só que o que pode limitar isso, talvez, é: cultura é aquilo que a gente tolera. No fim, cultura é sobre comportamento humano.”

– Paulo Sellos

“A gente tende a dificultar muito a definição de cultura”, complementa Fernanda, apontando que cultura é, na verdade, aquilo que todos da empresa fazem sem que precise ser combinado previamente. Ou seja, é um alinhamento natural.

Da mesma forma, esse alinhamento precisa ser cultivado nas mais simples situações do dia a dia, como reforça Farinazzo, concordando com os convidados. É como cultivar as sementinhas que representam os valores da empresa.

E o que é negócio?

Pensando em outra definição importante, vale refletir também sobre o conceito de negócio e sobre o que ele representa.

“Com o risco de ser superficial, é: o que a gente vende, como a gente vende, como a gente entrega, quanto custa para a gente. No fim das contas essa soma precisa ser positiva.”

– Raphael Farinazzo

Em resumo, negócio é o valor que uma empresa gera e o valor que é gerado de volta para ela, como resume Paulo. Por mais que existam nuances nessa definição, é fato que empresas existem para gerar lucro.

“A gente pode estar bem ali, mas é preciso lembrar que estamos ali para receber o salário. E sou contratada para gerar um valor, seja lá qual for. Então existe um contraponto.”

– Fernanda Faria

Esses conceitos podem ser antagonistas no ambiente de trabalho?

O que fazer quando a empresa quer prosperar, mas incentiva uma cultura que vai contra a esse objetivo? Fernanda comenta que, na experiência dela, não houve uma situação na qual negócio e cultura eram antagonistas, porém também não se complementavam. Isso no sentido de que o profissional não gerava o valor esperado, mas recebia o que foi combinado.

Entrando no debate sobre performance, Paulo explica que, na visão dele, um profissional não necessariamente precisa ter uma performance além do esperado, desde que seja alguém com vontade de aprender e evoluir. Entendendo que cada um tem o seu tempo, esse tipo de mentalidade é importante pois é ela que entrega valor para o próprio profissional, para a empresa e para os clientes.

“Mas será que esse profissional deve ser promovido?”, questiona Marcell, trazendo um grande contraponto entre negócio e cultura: em termos de resultado de negócio, profissionais que vão além do que foram contratados para fazer tendem a se destacar mais. Mas esse tipo de cultura é saudável até que ponto?

Aqui, Fernanda reforça a associação da cultura do extra mile ao contexto tech. Pela vivência dela, times de empresas mais tradicionais não têm a mesma dinâmica de startups, então esse tipo de comportamento muitas vezes sequer faz parte do contexto.

“Existe o cenário onde eu posso entrar em conflito com uma cultura, sendo que o ‘errado’ não está nela, mas sim em mim. Não necessariamente aquela cultura era errada, o que foi algo extremamente complexo de entender e observar.”

– Fernanda Faria

Como criar uma cultura que incentiva a melhor performance das pessoas?

Entendendo que a cultura da empresa e os resultados formam um ciclo que precisa estar em sintonia para manter-se em movimento, o que fazer para alcançar esse cenário ideal?

Em relação a esse ponto, todos na mesa concordam que esse tipo de objetivo não depende de uma pessoa, unicamente. É preciso formar lideranças alinhadas com a cultura que a empresa deseja manter ao longo do tempo, entendendo também que as iniciativas adotadas e atitudes aplicadas são fatores determinantes para que o equilíbrio seja mantido. Ou seja, trata-se de ser fiel ao que não é tolerável e de acompanhar continuamente a evolução dos times por meio de rotinas de performance review.

Qual a relação entre cultura e estratégia de negócio?

Buscando um paralelo entre cultura e estratégia, diversos aspectos mostram que os dois fatores não só estão muito ligados, como precisam andar juntos para que o negócio tenha sucesso.

Uma das questões levantadas, por exemplo, foi o crescimento da empresa. É muito difícil manter uma cultura quando muitas pessoas são contratadas, mesmo quando elas têm o perfil ideal para aquele ambiente. Isso porque a cultura é viva e cada um tem uma forma de interpretar situações, o que faz desse alinhamento um grande desafio para executivos. O ponto é, como destacou Farinazzo, focar em não contratar pessoas “erradas”, pois isso sim pode prejudicar a cultura em período de tempo muito mais curto, com um impacto negativo muito maior.

Paulo apontou também a necessidade de construir uma cultura saudável e de execução, ou seja, na qual as pessoas realmente fazem acontecer. De nada adianta ter profissionais que criam um ambiente agradável, mas que não se esforçam o suficiente para alcançar os resultados traçados pela estratégia de negócio.

Cultura e estratégia também se encontram em situações como a que Marcell menciona, quando uma liderança precisa repassar para o time os impactos de uma decisão estratégica sigilosa para o negócio, o que muitas vezes pode causar uma impressão de que a cultura não está sendo respeitada.

De forma geral, todos na mesa também concordam que todos esses fatores estão sujeitos aos contextos individuais das empresas e das pessoas que nelas trabalham. Por isso, o mais importante é entender que viabilizar a compreensão entre as pessoas envolvidas é a melhor forma de encontrar a melhor saída para esses dilemas.

“Não acho que tenha uma fórmula mágica, mas as pessoas têm que se entender. O ponto é como a gente se conhece e ajuda o outro a se tornar alguém melhor.”

– Paulo Sellos

Assista ao episódio completo

E você, o que pensa sobre cultura e negócios? Para conferir todos os comentários de forma muito mais aprofundada, você também pode assistir o vídeo com a conversa na íntegra. Basta dar play no vídeo:

Minutagem com o conteúdo do vídeo para facilitar sua vida 😉

  • 00:00 – Introdução
  • 01:31 – O que é cultura?
  • 04:30 – O que é negócio e será que existe um conflito entre cultura e negócio?
  • 07:02 – Você já viu um negócio querendo prosperar e gerar resultados x uma cultura que estava indo contra isso, quase que de maneira antagônica?
  • 11:36 – Uma pessoa que foi contratada somente para apertar um parafuso deveria ser promovida?
  • 12:50 – Herança de equipes com cultura diferente da sua: como agir?
  • 15:08 – Existem pessoas nos times que não querem subir, que não querem novos desafios: isso é certo ou errado?
  • 17:03 – Todo ser humano se motiva por dinheiro?
  • 20:06 – O que é um top performer e áreas que formam subculturas dentro da empresa
  • 23:24 – É natural as áreas de longo prazo serem engolidas pelas áreas de curto prazo?
  • 26:09 – Como fazer a cultura dar uma performance melhor para as pessoas?
  • 31:29 – Cultura de gente mimada: como evitar uma cultura que atrapalha tudo?
  • 41:05 – Como e quando reforçar a cultura da empresa?
  • 47:04 – A cultura é um pêndulo: War time x Peace time
  • 51:41 – O que é um top performer na área de produto?
  • 58:19 – Quando a cultura é boa o junior se torna sênior
  • 01:01:13 – Quando o negócio tem pressa a cultura pega fogo
  • 01:03:24 – O que a empresa deve fazer quando se tem desvio da cultura?
  • 01:09:01 – Quais são as empresas que têm as melhores culturas?
  • 01:16:15 – Existe uma cultura de produto? O que é essa cultura?

Links úteis do episódio

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