Como é trabalhar na área de Produto da Sympla - Cursos PM3
Marcell Almeida

Marcell Almeida

CEO – PM3

12 minutos de leitura

10 Perguntas e respostas em entrevistas para Analista de Dados

Esse é mais um artigo da série “Como é trabalhar na área de produto das empresas”. A ideia é para compartilhar com o Brasil e o mundo como as empresas estão estruturando a sua área de desenvolvimento de produto para construir produtos cada vez melhores. Espero que esse e outros artigos da série sirvam de benchmark para qualquer empresa e em qualquer estágio, pois estaremos conversando com diferentes tamanhos de empresas.

Nesta edição vamos falar sobre como funciona a área de desenvolvimento de produto da Sympla. E para responder diversas perguntas contamos com a ajuda do André Pimentel, que é Head de Produto na Sympla.

Obrigado por compartilhar e ajudar a comunidade brasileira de produto, André 🙏

Essa entrevista foi dividida em 4 aspectos:

  1. Equipe
  2. Planejamento
  3. Cerimônias
  4. Ferramentas

1 – Equipes de produto na Sympla

  • Como funciona a divisão dos produtos da Sympla? Pois a empresa é conhecida pela ticketeria mas possui outros produtos como streaming e talvez outros que eu não conheça. 

R: Hoje nos posicionamos como o maior marketplace de experiências do Brasil, costumamos dizer que somos muito mais que uma ticketeira e para apoiar nossos produtores de conteúdo temos soluções que envolvem eventos digitais e presenciais.

No lado digital temos o Sympla Streaming, uma solução para eventos em tempo real onde o produtor além de apresentar seu conteúdo pode conversar e interagir com seu público durante o evento. 

Ainda no digital temos o Sympla Play, nossa solução de conteúdo on demand onde o produtor pode disponibilizar,  personalizar e vender online  seu conteúdo gravado.

Já na parte presencial acompanhamos o Produtor em todas as etapas de um evento, alguns exemplos abaixo:

  • Pré evento: Vendas, gestão de lotes de ingressos, comunicação com o público 
  • Durante o evento: gestão de acesso, relatórios e  serviços personalizados para eventos de alta complexidade
  • Pós evento: Borderô (uma espécie de relatório financeiro detalhado), certificado de participação, etc

Dentro dos produtos temos também soluções que atendem qualquer tipo de evento e que são essenciais para a gestão profissional dos produtores, exemplos:

  • Gestão de cupons promocionais
  • Ferramentas para divulgação do evento
  • Integrações nativas com Google Analytics, Google Ads e Facebook Pixel
    • facilitando a criação de campanhas online e gestão dessas campanhas por parte do produtor
  • Integrações diversas via Zapier ou Pluga
    • permitindo a integração e troca de informações com diversas outras ferramentas para CRM, automação de marketing, atendimento, etc.

E temos também nossa API pública onde empresas/desenvolvedores podem se conectar com a Sympla e desenvolver soluções personalizadas, essa solução é muito utilizada por grandes eventos e por parceiros que participam do nosso programa de homologados.

  • Quantas PMs atuam na Sympla?

R: Hoje temos 10 pessoas atuando como Produto, algumas com o chapéu de PM e outras como GPM.

  • E quantas pessoas no total? Para entendermos a proporção entre PMs e o resto da Sympla.

R: 233 pessoas no total

  • Como vocês estruturaram suas equipes? Em torno de produtos, tipos de usuários, jornada do usuário, métricas ou um mix?

R: Hoje nossa estrutura de produto é um mix, temos  times que olham para usuários que produzem experiências/conteúdos e usuários que querem participar dessas experiências.. 

Logo temos uma Tribo para cada tipo de usuário, que atendem pelos nomes de Produtor e Comprador, e cuidam da experiência de uso do produto para esses públicos.

Temos também outras duas Tribos que olham pontas mais específicas da nossa plataforma, são elas:Fintech: Olhando desde o fluxo de pagamento online de ingressos a qualquer outro momento em que pode ocorrer uma transação financeira, e também para oportunidades de geração de receitas adicionais para a empresa.

Jornada: Olhando para assuntos que são cross times e que precisam de uma certa centralização, como acesso e contas de usuário, CRM e demais assuntos envolvendo Martech, modelos de atribuição e principalmente acompanhamento e tracking do LTV dos usuários.

Dentro de cada tribo temos os papéis “comuns” que vemos em quase todas as empresas, como devs, dados, design e produto. E algumas coisas que explico na próxima pergunta.

  •  Como isso mudou ao longo dos anos? Como essa estrutura foi evoluindo?

R: Nossa estrutura atual das tribos, além do que comentei anteriormente, temos também representantes de diversas áreas da empresa. 

Em Fintech por exemplo temos representantes da área de finanças e compliance, já na tribo de Produtor temos pessoas de marketing, comercial, CS e atendimento. E na tribo de Comprador temos também participação do marketing, atendimento entre outras.

A cada 15 dias a tribo se reúne discute o andamento dos objetivos, indicadores de negócio e se a estratégia que a tribo está seguindo precisa de alguma mudança.

Esse momento não é uma reunião de status report de projeto, embora saber o andamento das coisas seja importante, focamos muito em discutir em quais alavancas temos que atuar para atingir um objetivo.

Discutimos e damos visibilidade para o roadmap de produto, o que estamos fazendo agora e o que faremos na sequência. O que tem funcionado bem, e principalmente o que ainda não está funcionando bem e que precisamos focar.

Dizemos aqui que essas são as tribos da Sympla, e não mais tribos de Produto.

Essas reuniões são guiadas pela dupla GPM e Gerente de Engenharia, que atuam como lideranças da tribo além de liderar seus próprios contextos e times de Produto e Engenharia.

  • Como foi essa mudança? Quanto tempo levou?

R:  Estamos rodando esse modelo desde abril desse ano, então arrisco dizer que a mudança ainda está em curso, temos muitos aprendizados já desses encontros e estamos levando isso como se fosse um produto, “lançamos” em abril, temos acompanhando os resultados e fazendo mudanças para melhorar ou corrigir possíveis problemas.

  • Produto e Design reportam para a mesma pessoa? Sempre foi assim ou mudou?

R: Hoje toda a área de Produto e Tecnologia reporta para o CTO, a partir daí temos lideranças mais focadas em Engenharia, Dados, CyberSecurity, Produto e Design.

Em linhas gerais essa estrutura de report mudou pouco ao longo do tempo, sempre ficou dentro da mesma área e respondendo a um CTO, onde tivemos mudanças foi nas camadas de heads e gerentes que foram se adaptando conforme a necessidade. 

  • E a gestão de engenharia? É um par da liderança de produto? 

R:. Com certeza, hoje cada tribo tem uma pessoa que lidera da perspectiva de produto e outra pessoa que lidera da perspectiva de engenharia, aqui esses papéis são representados por GPMs e Gerentes de Engenharia e atuam como pares, é responsabilidade dessa dupla o sucesso da tribo.

As lideranças “horizontais” de Engenharia, Dados, CyberSecurity, Produto e Design também são pares, respondendo ao CTO.

  • Na Sympla, tem carreira em Y? Se sim, como funciona?

R: Sim, existe a possibilidade das pessoas seguirem carreiras técnicas como contribuidores individuais ou uma carreira de gestão de pessoas, a progressão da carreira acompanha também a remuneração das pessoas.

Nos primeiros níveis (jr, pleno e sr) as pessoas trabalham como contribuidores individuais e a partir daí existe a opção de continuar como técnico ou  seguir carreira de gestão.

Hoje temos exemplos em engenharia de pessoas que estão avançando na carreira como contribuidores individuais e se tornando referências técnicas em seus times.

2 – Planejamento de produto na Sympla

  • Até que ponto (data/período) vocês planejam as coisas?  

R: Hoje nós trabalhamos com o formato de Now, Next e Later, em que temos muita clareza do que faremos nos próximos 45 dias (Now), uma boa visibilidade do que faremos na sequência até 90 dias (Next) e o que está mapeado mas ainda não priorizado (Later).

Para cada momento temos níveis diferentes de visibilidade e de incertezas sobre os itens do roadmap, isso quer dizer que o que estamos fazendo agora temos uma boa clareza sobre o impacto que queremos gerar e o esforço de fazer aquilo. 

Impacto e esforço medimos em dinheiro, ou seja, fazer tal iniciativa vai gerar quanto em resultado (receita, GMV, redução de custo/risco)  para a empresa e quanto isso vai custar.

No roadmap listamos as oportunidades que vamos explorar, e em alguns exemplos uma feature/projeto específico também, afinal tem coisas que temos mais certeza e deixamos mais claro o que será o entregável. 

  • A data de eventos específicos impactam muito nesses planejamentos? 

R:  Em alguns poucos casos sim, no passado grandes aberturas de eventos nos puxavam para evoluir algumas coisas e melhorar a experiência do produto nesses momentos críticos para os usuários, o que foi muito bom.

Hoje levamos muito em consideração períodos sazonais do ano, como carnaval, festas juninas, eventos corporativos e final do ano com eventos de reveillon, 

  • Vocês usam OKRs ou alguma metodologia específica para ajudar no planejamento e alinhamento?

R: Usamos OKR na empresa toda e em momentos de planejamento nos reunimos e definimos em conjunto quais serão os OKRs do próximo ano fiscal (aqui consideramos ano fiscal abril de um ano até março do ano seguinte)

Esses objetivos são definidos com base em pilares estratégicos para a empresa toda, e a partir daí as áreas discutem como desdobrar esses objetivos em KRs que meçam o nosso progresso.

A liderança de OKRs da empresa é feita por pessoas de produto e também por pessoas de outras áreas, o que gera um incentivo muito positivo para que as áreas trabalhem em conjunto.

Nesse modelo a equipe de produto deixa de olhar apenas seu produto e passa a olhar a empresa como um todo e como juntos atingiremos aquele OKR.

3 – Cerimônias de Produto na Sympla

  • Como funcionam as reuniões de product review?

R: Não temos uma cerimônia formal de product review, o que fazemos agora é aproveitar o encontro das tribos para trazer também as novidades de produto, o que aprendemos e o que queremos descobrir com os próximos passos.

Temos também o Comitê de Produto, que é um encontro executivo com a diretoria e líderes das demais áreas (heads e gerentes) onde falamos sobre como gerimos nosso portfólio, quais assuntos estamos investindo mais energia (e dinheiro) e os detalhes sobre as estratégias de cada Tribo. 

Nesse comitê focamos também na priorização macro e discussão de trade-offs necessários.

Usamos também muita comunicação assíncrona via slack em um canal próprio para falar das novidades de produto, nosso querido #prod-news em que a empresa toda acompanha em primeira mão as novidades e em alguns casos nos ajuda com testes internos de features que queremos validar. Todos na empresa são estimulados a usar o produto, seja em eventos como  pessoas que compraram um ingresso, como membros do time de operação local que cuida da operação de credenciamento e todos os desafios que acontecem nesse momento (um time incrível por sinal)  até criar seus próprios eventos.

4 – Ferramentas que a equipe de Produto da Sympla utiliza

  • Qual é a principal ferramenta que vocês usam? 

R: Aqui não consigo dizer apenas uma, mas as principais:

  • Jira
  • Slack
  • Notion
  • Ferramentas de IA que facilitam nosso dia a dia e tiram ao máximo trabalho operacional
  • Todas as ferramentas do Google Workspace 

  • Existe algo único, que talvez seja até cultural, na forma que vocês criam e melhoram produtos?

R: Aqui não temos algo inovador, pelo menos não do meu ponto de vista, mas o que considero pontos muito importantes são: 

  • Conhecimento do negócio
    • Temos dentro do time pessoas com um profundo conhecimento do negócio que atuamos, isso acontece dentro e fora da área de tecnologia e produto
    • É muito fácil você falar com pessoas aqui dentro que já trabalham a muitos anos no mercado de eventos
    • Em qualquer reportagem que nossa CEO Tereza Santos participa isso fica evidente
  • Vontade de fazer diferente
    • Sabemos que só vender o ingresso não é suficiente
    • Como disse no início, nós somos um marketplace de experiências e a tecnologia para vender o ingresso é só um meio, e não o objetivo final.
  • Paixão pelo que fazemos (eu sei, parece clichê)
    • É muito comum conversar com as pessoas quando voltam das férias e comentam com brilho nos olhos sobre os eventos que foram
    • Quando membros do time participam como staff de grandes eventos e chegam cheios de idéias e motivação no dia seguinte

Acho que fica mais fácil entender essa paixão se pensarmos que muitas vezes a ida a um evento é algo muito marcante para as pessoas, muitas vezes são sonhos que se tornam realidade seja na vida pessoal ou profissional.

Como o Roberto (nosso CTO) costuma dizer, no nosso trabalho precisamos de cérebro e do coração também.


Obrigado pelas respostas, André!!

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PS: Já tenho algumas empresas programadas para esta série, mas sigo buscando outras. Acha que sua empresa poderia fazer parte? Me manda uma mensagem em alguma rede social 🙂 

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O Arthur Castro também está fazendo uma série similar com outras empresas brasileiras. Recomendo a leitura do “Abrindo a cozinha” – recentemente ele entrevistou o pessoal da Jussi.