Mudando o jogo: como se tornar Gerente de Produto de Plataforma
Equipe de conteúdo - PM3

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7 minutos de leitura

Este artigo sobre como se tornar gerente de produto de plataforma é uma tradução livre do post Changing Lanes – Becoming a Platform Product Manager, de Tori Funkhouser. Por ser um conteúdo de altíssimo valor, achamos que seria uma boa ideia traduzi-lo para ajudar a comunidade brasileira de Produto a evoluir. Boa leitura!


Sou Product Manager de um sistema de gestão de conteúdo que é utilizado por alguns dos sites mais visitados do mundo. Nossa equipe reporta ao CTO e trabalhamos na área de Engenharia da empresa. Antes disso, eu tive um ano de experiência em Produto em uma empresa SaaS voltada para o cliente e, ingenuamente, acreditava que poderia fazer um “copia e cola” dessa experiência. Eu estava errada. Em sua essência, um CMS é uma plataforma, não um produto. Rapidamente descobri que precisava me tornar Gerente de Produto de Plataforma.

Existem muitas diferenças entre o gerenciamento de produtos em um mundo voltado para o consumidor, em comparação ao mundo das plataformas. Este artigo é baseado na minha experiência de como as necessidades dos stakeholders e dos usuários que usam um produto de plataforma diferem das necessidades do usuário de um produto padrão. Isso influencia na capacidade do Gerente de Produto de Plataforma de criar valor, e espero que essa troca traga alguma orientação para qualquer pessoa interessada em como se deve alterar seu pensamento quando há mudança no tipo de produto.

Diferença entre plataforma e produto

Qual é a diferença entre uma plataforma e um produto?

Aqui estão algumas respostas:

“Um produto é algo que você vende. Uma plataforma é uma infraestrutura comum na qual você cria produtos.”

“Plataformas são estruturas que permitem que vários produtos sejam construídos dentro da mesma estrutura técnica.”

“Existem plataformas para facilitar a resolução de um problema comum, compartilhado por várias empresas ou produtos.”

Nosso sistema de gestão de conteúdo é uma plataforma usada por sites para construírem conteúdo. É um conjunto de componentes reutilizáveis, uma infraestrutura comum e um grupo de APIs que alimentam a saída do front-end para outros vários sites, que também são unidades de negócios separadas. Construímos ferramentas que os editores usam para publicar conteúdo no site, mas essas são apenas uma peça do quebra-cabeça do CMS. A saída do editor é, em essência, uma parte das muitas APIs que produzem o produto/site gerador de receita para a empresa.

Usuários e stakeholders

No meu trabalho anterior, gerenciando uma solução com foco em receita, o produto criava valor para várias personas, e o gerente de produto precisava apoiar os stakeholders da empresa toda, incluindo Vendas, Marketing e Atendimento. Embora houvessem muitos desafios de gestão de stakeholders, não era nossa responsabilidade oferecer suporte à infraestrutura de uma unidade de negócios separada, por exemplo.

Para um produto CMS que é usado em vários sites (que também possuem suas próprias unidades de negócios), existem vários usuários e stakeholders cujas necessidades precisam ser levadas em consideração:

  • Desenvolvedores, que criam produtos com base em nossa plataforma principal;
  • Editores, que usam o CMS para criar conteúdo para os usuários finais, mas têm estratégias de conteúdo exclusivas com base nas preferências dos usuários finais; 
  • Usuários finais, que eventualmente consomem conteúdo na internet e que têm a necessidade de consumir o conteúdo de um site;
  • PMs e PMMs que gerenciam produtos voltados para o cliente orientados pelo CMS.

Cada um desses stakeholders têm necessidades diferentes e conflitantes. Para construir um roadmap para um produto de plataforma, o PM precisa oferecer suporte tanto para os casos de uso comuns entre os grupos, como para os que são exclusivos de cada grupo.

Construindo roadmaps

Como no meu trabalho preciso entrar em contato com o usuário, acabei construindo meu roadmap conversando com clientes e parceiros e analisei ideias de negócios por meio de experimentação. Cada experimento e cada ajuste do produto foram um trampolim em direção ao objetivo de aumentar a receita.

Aprendi rapidamente que esse estilo de gerenciamento de produto não funcionaria em um modelo de plataforma. A iteração e os ajustes constantes do produto não são apenas extremamente difíceis de fazer, mas também podem colocar em risco a qualidade do produto. Depois de passar algum tempo com os usuários, percebi que essa abordagem iterativa de sucesso rápido não está alinhada ao que os usuários estão procurando.

Em um ambiente de plataforma CMS:

  • O negócio exige que a plataforma seja uma base sólida para a execução de seus produtos;
  • Os desenvolvedores precisam de soluções sustentáveis, ​​que não exijam horas intermináveis ​​de controle de qualidade para cada atualização;
  • Os editores precisam manter uma conversa sólida e atualizada com os usuários, o que requer tecnologia estável e inovadora;
  • Os usuários finais desejam um bom desempenho das páginas. 

Os produtos de plataforma precisam fornecer uma experiência confiável e extensível.

Produto de plataforma confiável ​​e extensível: como alcançar esse objetivo?

Se você quer trabalhar como gerente de produto de plataforma e obter resultados de sucesso, listo a seguir algumas dicas que considero pertinentes para alcançar esse objetivo:

Garanta a qualidade

Uma das melhores maneiras de oferecer um produto de plataforma confiável é manter um controle de qualidade sólido.

No universo das plataformas, bugs no código não são um problema que pode ser rapidamente corrigido em produção, pelo contrário, eles podem quebrar os sistemas sobre os quais estão construídos os produtos de seus usuários. Mais do que em um ambiente de produto de soluções, os bugs acabam com a confiança do usuário no produto.

Os gerentes de produto de plataforma devem encontrar maneiras criativas de conduzir o controle de qualidade com o objetivo de aprimorar os  testes de regressão para solucionar os bugs. Como outros produtos são construídos a partir do seu, os produtos de plataforma são, nas palavras de Marty Cagan, “uma peça-chave para todos os clientes/produtos aos quais você oferece suporte… e não há espaço para erros.”

Exercite o pensamento a longo prazo

O dia a dia quando se é Gerente de Produto de Plataforma pode parecer uma maratona. Ao contrário dos produtos de soluções, que são iterados e enviados constantemente, os de plataforma exigem ciclos de lançamento mais longos, o que significa um gerenciamento cuidadoso das expectativas e cronogramas do usuário.

Dito isso, há um outro lado desse processo. As plataformas também precisam ser extensíveis para que as empresas possam confiar nos produtos no futuro. Portanto, os gerentes de produto de plataforma precisam ser especialistas criativos em seu domínio. Eles devem ser capazes de pensar criticamente sobre as necessidades de seus usuários, enquanto pensam de forma criativa com sua equipe sobre como construir uma plataforma que permita oportunidades de crescimento e receita futuras.

Reavalie as prioridades continuamente

Os gerentes de produto costumam reavaliar as prioridades, certificando-se de que estão alinhadas com o que vai entregar mais valor. O trabalho de gerentes de produto de plataforma têm tantas camadas e envolve tantas pessoas que – em minha experiência – uma reavaliação de prioridades precisa acontecer com muito mais frequência do que no caso dos produtos baseados em soluções.

Para o sucesso do planejamento a longo prazo, os PMs de plataforma devem manter uma comunicação contínua com cada uma das pessoas envolvidas. Isso requer reuniões, é claro, mas também várias pequenas conversas no Slack, no e-mail, nos comentários do ticket, no corredor, em qualquer lugar. Os PMs da plataforma devem permanecer abertos à análise contínua de detalhes e mais detalhes com seus colegas, para oferecer ajuda no uso diário do produto e entender suas necessidades de longo prazo.

Conclusão

Segundo Brian De Haaff, cofundador da empresa de software de roadmap de produtos Aha!:

“Trabalhar com vários produtos e serviços de software construídos em uma plataforma comum não é tarefa fácil.”

É difícil se concentrar no trabalho menos glamouroso da gestão de produto — que envolve garantia de qualidade e gerenciamento de liberação — mantendo o foco constante no longo prazo. O gerenciamento de produtos para plataforma é tão desafiador e interessante quanto o gerenciamento de produtos para uma solução geradora de receita. Independentemente do produto afetar diretamente a receita ou fornecer uma plataforma e ferramentas que tragam prosperidade aos negócios e usuários, é muito divertido criar um produto que faz os seus usuários brilharem.

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