Cerimônias além do Scrum: como reforçar a cultura de produto na empresa
Geisel Alves

Geisel Alves

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Não é novidade que cultura empresarial e cultura de produtos são tópicos importantes a serem desenvolvidos. Uma empresa com esses atributos fortalecidos estimula o desenvolvimento de soluções mais inovadoras, além da cooperação entre times para o atingimento dos principais objetivos da companhia.

Mesmo sabendo da relevância desse tema em um contexto corporativo, não é simples decifrar quais atividades podem ajudar a fortalecer esse sentimento de valor compartilhado e espírito de comunidade – principalmente na realidade onde os squads estão bem definidos, com suas respectivas estruturas, rotinas e projetos. 

Na condição de trabalho remoto, com certeza você já percebeu o grande desafio para manter trocas e interações com outras equipes, cuja operação não se cruza durante o dia. Com esse obstáculo adicional, a execução dessas atividades parece ainda mais difícil. 

Por isso, vim trazer alguns exemplos de metodologia, que tenho vivenciado junto com a guilda de pessoas de produto aqui na Vitta (uma startup de tecnologia em saúde, da qual faço parte como PM). 

Para início de conversa, podemos definir uma guilda* como uma comunidade informal de profissionais, que podem ser de squads e áreas diferentes, que se reúnem para trocar aprendizados, experiências e melhores práticas de temas em comum. Aqui na empresa, promovemos alguns encontros regulares que reforçam a cultura de produtos, além de promover um ambiente de colaboração e interação entre equipes. Aprenda a aplicar alguns deles no seu ambiente de trabalho com os exemplos abaixo.

1. Cumbuca

A Cumbuca é uma metodologia simples, muito parecida com um “clube de leitura”. O objetivo dela é estimular o aprendizado coletivo, por meio de discussões sobre um conteúdo em comum, previamente definido. Geralmente esse material é um livro, mas podem ser aproveitados artigos, relatórios empresariais e conteúdo em vídeo também. 

Metodologia: Não existe um número mágico de pessoas para participar, mas recomendo ter ao menos três para enriquecer a discussão. Antes dos encontros começarem é escolhido um material (vamos usar o exemplo de um livro) que vai ser discutido por todos. 

Primeiramente são separados os capítulos que serão abordados em cada reunião e todos os participantes devem ler o conteúdo combinado (super importante para a discussão correr bem). 

No início da sessão é sorteado o nome do facilitador (usando ferramentas de sorteio online). Essa pessoa vai ser responsável por conduzir a discussão do conteúdo, seja por meio de perguntas chaves, um breve resumo dos principais marcos, ou até mesmo através de tópicos contextualizando o aprendizado do dia com a prática da sua empresa. 

Durante 1 hora os participantes debatem sobre o que foi aprendido, compartilham experiências e dão conselhos dentro do tema. 

Recomendo muito encontros semanais, com horários fixos que se encaixem na agenda de todos. 

Principais ganhos: Através da Cumbuca, os participantes se sentem estimulados a manter o aprendizado contínuo, já que semanalmente um novo grupo de capítulos vai ser lido por todos (uma ótima chance para dar conta daquele livro que está na sua lista de leitura à anos). Além disso, por termos membros de times diversos, é muito rico o intercâmbio de experiência entre os participantes. 

Dicas finais: Para a escolha do conteúdo a ser debatido, sugiro um brainstorm com todos os interessados, levantando as principais dificuldades de cada um. Vocês podem priorizar as dores em comum e pesquisar um material que fale sobre o assunto priorizado. 

2. Treinamentos Autogeridos

O treinamento autogerido é uma técnica difundida em outros contextos (eu mesmo conheci esta técnica enquanto lia um livro de vendas) que consiste em encontros quinzenais (de preferência) onde cada participante fica responsável em trazer um conhecimento específico, sobre o universo de produtos. 

Metodologia: antes do primeiro encontro, o grupo se reúne para decidir um líder para a sessão. Esta pessoa fica responsável em garantir a organização da agenda do treinamento. 

O treinamento tem duração de uma hora e consiste em breves pautas diversificadas (de 15 a 30 minutos) onde participantes podem se voluntariar para trazer o conteúdo para cada intervalo. 

Esse conhecimento pode ser ministrado de diversas maneiras, como por exemplo: uma apresentação explicativa, um estudo de caso, relato de boas práticas, cases de discovery e até mesmo uma ideia inspiradora no modelo TEDx. 

Os responsáveis pela pauta podem escolher facilitá-la ou convidar alguém que possa ministrar o conteúdo para eles (um profissional externo ou mais sênior, por exemplo). 

No final de cada encontro, é eleito outro líder que organizará a agenda e o tempo do encontro seguinte, além dos voluntários donos das pautas seguintes.

Principais ganhos: Compartilhamento massivo de boas práticas entre times de produto, além de promover integração entre membros (principalmente novos colaboradores). Isso tudo, sem sobrecarregar as pessoas, já que as pautas são compartilhadas em temas breves. 

Dicas finais: Para definir temas a serem abordados, você pode usar do brainstorm sugerido para a cumbuca, ou pedir que as pessoas relatem grandes problemas que estão tendo, para que no encontro seguinte, outros membros possam ajudar com soluções. 

Ambas as estratégias funcionam muito bem no contexto remoto. Você pode criar um grupo para a guilda no chat oficial da empresa, e usá-lo para informes sobre os encontros. Não se esqueça de adicionar na agenda de todos um horário fixo, com link para uma sala virtual.

É possível optar por uma dessas técnicas ou até mesmo ambas para trabalhar a cultura e comunidade de produtos com seu time. Independente da escolha, sugiro começar pequeno, como um protótipo em um grupo menor, porém com encontros consistentes. 

Mesmo com uma quantidade reduzida de pessoas logo nos primeiros encontros você vai notar o crescimento da interação entre as pessoas e proporcionalmente os sensos de colaboração e pertencimento. 

No último levantamento que fizemos com nossa Guilda, mais de 80% dos participantes relataram que ficariam “muito desapontados” caso o grupo deixasse de existir (adaptado da metodologia de Sean Ellis), e de forma unânime todos concordaram que os encontros ajudaram nas suas atividades diárias, além de trazer insights relevantes para a resolução de problemas complexos. 

Não esqueça, uma forte cultura de produtos aumenta muito as chances de criar soluções que as pessoas adoram (e que mudam a vida delas). Me conta depois se já fazem alguma dessas técnicas, ou tragam sugestões de outras aplicadas na sua empresa.

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