Pensando como um(a) Product Manager - Cursos PM3
Bruno Coutinho

Bruno Coutinho

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Identificar sua própria mentalidade como um Product Manager pode te ajudar a evoluir cada vez mais. Além disso perceber em qual dos grupos os outros ao seu redor se enquadram vai te ajudar a compreendê-los melhor e entender a maneira como eles operam. Quando todos se entendem, o trabalho em equipe flui bem melhor.

Este texto é em cima de uma palestra do Ken Sandy, Ex VP de Produto do Masterclass e instrutor no curso de Product Manager na Universidade de Berkeley, que vai te mostrar 4 grupos de mentalidade no qual um PM deve atuar. 

Ser um Product Manager é pensar de forma estratégica e ter obsessão por resolver problemas. Por isso, ter empatia é uma das principais características para se tornar um PM de sucesso. Porém, a arte de realmente pensar como um PM deve ser dominada, conforme os anos vão passando e os desafios vão sendo resolvidos.

Um PM deve essencialmente saber tudo sobre o produto que opera e sempre convencer os usuários de que eles precisam usar o produto; saber quais métricas fazem o ponteiro mexer e o negócio evoluir; buscar o que mais o produto pode entregar e quais dores pode resolver pro usuário e por último, criticar o seu próprio produto para que ele sempre melhore e evolua.

As 4 mentalidades de um(a) Product Manager

Antes de mais nada, vale analisarmos esta matriz, apresentada pelo Ken Sandy em sua palestra. Nela ele mostra os opostos de uma mentalidade, no qual há convergentes,  divergentes, imaginar e inspecionar. Estas características quando somadas, formam quadrantes que constroem cada mentalidade do PM que abordaremos neste texto. 

Vamos a elas!

1. Explorador (Imaginar + Divergente)

Aqui o objetivo é expandir o espaço da solução para um pensamento mais criativo. É neste quadrante no qual o PM vai ajudar a desenvolver a visão do produto, um objetivo muito maior do que o produto se propõe a entregar atualmente.

Um dos erros clássicos de um PM iniciante é se apegar a uma solução/ideia, antes de realmente entender a dor que ele precisa resolver no curto, médio e longo prazo. Sejamos francos, as empresas não têm falta de ideias. Há fundadores, diretores, investidores, os clientes, todo o time que compõe uma empresa. Por isso que nesta fase, o PM entra em um nível de sonhador no qual pode usar um canvas amplo com oportunidades e soluções em potencial para trazer para o produto.

No final das contas, o papel do PM é descobrir onde estão estas ideias, capturá-las, entendê-las, comunicá-las e acompanhá-las. Isso só será possível se o PM criar relacionamentos sólidos com as pessoas na empresa, para que  assim consiga entender as necessidades de todas as áreas do negócio e logo desenvolver uma visão que conecte todos estes pontos.

Este lado explorador do PM é aquele que gosta de conhecer e se aventurar em outros (novos) produtos. Apreciar onboardings que deixam a experiência divertida e com nula tração, imaginar as métricas que regem aquele negócio e como aquela empresa em si faz para otimizá-las no dia a dia. Estes comportamentos vão possibilitar que o PM se aproprie de ideias de outros apps – até mesmo da concorrência – e logo alinhar com o time se elas se aplicam ao seu negócio.

Explorar é também botar a mão na massa prototipando e testando novas soluções, para que as descobertas sejam feitas cada vez mais rápidas e sem a necessidade de desenvolvimento – e assim ganhar velocidade nos aprendizados. Até porque, lembre-se: ame o problema e não a solução!

2. Analítico (Inspecionar + Divergente)

Oposto ao lado explorador jaz a faceta analítica de um Product Manager. Se de um lado as ideias fluem através da descoberta e conexões com as pessoas da empresa; no lado analítico o PM tem que olhar fundo nos números para fazer as suas melhores decisões – até porque o PM deve entender as dores do seu cliente que não estão sendo resolvidas.

Aqui, mais do que olhar para métricas específicas do negócio, o PM deve se aprofundar sobre os números do mercado, o que os concorrentes estão fazendo etc. 

Algo também muito importante é definir as métricas de sucesso para o seu produto. Lembrando que métricas de vaidade devem ser descartadas e o foco deve ser nas métricas de valor, aquelas que realmente vão agregar na experiência do cliente e do negócio em si – fazendo-o evoluir de fato.

Por exemplo, o número de downloads pode ser uma métrica de vaidade; enquanto que “taxa de tração” (DAU/MAU), pode ser uma ótima métrica para saber se o seu produto está engajando com os usuários. A missão aqui do PM é olhar para estas métricas e descobrir soluções que possam melhorá-la cada vez mais – quer saber mais sobre métricas de produto?

Aqui vale uma dica de sempre buscar por diferentes fontes, como por exemplo, entender de onde vem os usuários (através de uma ferramenta de Analytics) e assim otimizar a experiência de acordo com  a origem do usuário.

Como mandatório, o PM no modo analítico deve conversar com os clientes e entender as suas dores. Através desta valiosa fonte de dados algumas suposições podem ser colocadas em prática e assim enriquecer a experiência dos clientes. O PM não deve esperar que o time de UX Research envie um relatório com o que foi coletado dos clientes e sim participar das discussões com o time de UX Research e ir a campo para falar com clientes.

Uma dica valiosa aqui, caso você não tenha um time de UX Research, é chamar 5 clientes na empresa, oferecer uns gift cards e colher o máximo de informação para o produto que você está trabalhando. Esta experiência é infinitamente mais enriquecedora, do que horas em uma sala com pessoas da própria empresa tendo ideias do que melhorar no produto. Este processo deve acontecer a cada duas semanas. Falando com 5 clientes a cada duas semanas, no final do ano, você vai ter dados suficientes para tomar as melhores decisões pro seu produto.

3. Desafiador (Inspecionar + Convergente)

Neste modo, o PM vai ser o seu próprio “advogado do diabo”, ao desafiar tudo que acredita e suposições que foram estabelecidas. Aqui, deve-se confrontar o famoso “confirmation bias”, que é quando você busca dados que vão suportar uma ideia sua, não dando prioridade pro que realmente importa.

Aqui também vale destacar que quando PMs recebem diretivas do CEO por exemplo, de algo que precisa ser desenvolvido, é importante desafiá-lo com dados que suportem aquela ideia específica, sendo assim o PM neste modo deve desafiar tanto a si próprio, como a qualquer ideia que eventualmente surjam.

Outro ponto de que o PM deve ter sempre atenção é sobre a falácia do custo irrecuperável. Que é quando o time está desenvolvendo algo há muito tempo e depois de investir tanta energia e dinheiro naquela ideia, o PM decide continuar mesmo assim, porque as apostas já foram feitas e o investimento idem. O PM deve sempre desafiar o desenvolvimento de iniciativas que não pareçam estar resolvendo dores dos usuários.

Para ajudar neste modo desafiador, o PM deve sempre fazer validações das ideias, antes de que algo seja de fato desenvolvido. Neste modo, o PM deve se preocupar com o que realmente importa: Foco, priorização e cortar o que não está gerando valor (tanto para o cliente quanto para a empresa).

4. Evangelista (Imaginar + Convergente)

Se no lado oposto tínhamos o PM Explorador, que estava aberto ao que a visão do produto se tornaria; agora o PM se encontra em um modo de maior foco e entrega de valor, ao mesmo tempo em que precisa motivar o time e dar o suporte ideal para que as soluções sejam desenvolvidas e assim gere cada vez mais valor para os clientes e para a empresa.

Para brilhar cada vez mais neste modo Evangelista, o PM deve saber como ter o buy-in dos stakeholders. Por isso é extremamente importante saber se comunicar com todas as pontas de interesse na empresa, para construir o máximo de capital político para que o produto cresça cada vez mais. (Dica valiosa, a aula do Raphael Farinazzo, 5.6 – Como gerenciar stakeholders, do curso de Product Manager da PM3 DEVE ser devorada. Depois dela, a maneira como você vai gerir os seus stakeholders vai mudar completamente!).

Para comunicar de forma efetiva há algumas dicas profissas: 

  • E-mail resumo com os avanços
  • Mensagem no canal do Slack com todos os envolvidos
  • All-hands (reuniões com toda a empresa) mensal/quinzenal
  • Happy Hour com todos os envolvidos no projeto

Estas são ferramentas que podem te ajudar a desenvolver um storytelling de produto poderoso, ao mesmo tempo no qual conta a sua história e mantém todos informados das atualizações do projeto.

Interagir com o time e deixar-los a par do porquê algo será desenvolvido é extremamente importante nesta faceta evangelizadora. O seu time precisa estar 100% alinhado com as decisões que estão sendo tomadas e além disso, na medida do possível, comprados com a ideia de como aquela solução vai ajudar os clientes (e a empresa). Por isso, o PM neste modo precisa sempre apresentar o contexto no qual as decisões estão sendo tomadas. (aliás, recomendo este conteúdo sobre Storytelling em produto, que pode te ajudar a montar um contexto cada vez mais preciso).

Uma dica valiosa para ajudar tanto o time, como os stakeholder entenderem o contexto de algo é levá-los para entrevistas com os usuários. Desta forma, eles serão confrontados com feedbacks reais dos clientes e assim entenderem o real impacto que uma determinada solução vai gerar.

E aí, qual dessas mentalidades tem mais a ver com você?

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