As verdades não ditas sobre a área de Produto
Equipe de conteúdo - PM3

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No primeiro episódio do Mesa de Produto, primeiro programa do PM3 Talks – podcast da PM3 – Marcell Almeida (CEO e cofundador da PM3) conduz um papo descontraído sobre verdades não ditas sobre a área de Produto. 

Os convidados da primeira edição são: Raphael Farinazzo (Head of Product na unico IDtech), Victor Almaraz (Sr Product Manager na unico IDtech) e Priscilla Lugão (Coordenadora de Produto na PM3). Quer saber quais são as verdades da área de Produto que ninguém fala? Selecionamos neste post as principais delas, mas você pode ouvir o episódio completo pelo player a seguir:

Por que Produto está tão em alta?

Partindo para as perguntas, Marcell pergunta aos convidados qual seria o motivo que explica a popularidade da área de Produto e a crescente busca pela migração de carreira para esse mercado. 

Farinazzo comenta que a criação de cursos e promoção de eventos acaba contribuindo com esse movimento, chamando a atenção das pessoas. 

“Há essa impressão de que você é a pessoa dando as cartas ali, o que é mentira. Mas é uma sensação gostosa para quem tem o perfil mais generalista, que quer ver de ponta a ponta o processo em Produto.” 

– Raphael Farinazzo

Victor aponta a influência do background profissional. Com formação em Engenharia, a possibilidade de se envolver mais nas decisões do produto foi um fator que despertou nele a vontade de entender melhor o macro do processo de desenvolvimento. 

“Mas tem muita gente entrando na área pensando que dá dinheiro. Esse é um ponto polêmico da história.”

– Victor Almaraz

E afinal, como está o mercado em termos de salário?

Explorando mais a perspectiva experiente dos convidados no mercado de Produto, Marcell aproveita o gancho para questionar sobre salário. Não há como negar que a área é promissora, mas para quem já está dedicando esforços a ela por mais tempo, vale a pena?

“Alguns [cargos] se pagam, outros não. É como um investimento de risco, quando você acerta, acerta bem.”

– Raphael Farinazzo.

Farinazzo comenta que depende muito do contexto da empresa e do próprio esforço dos profissionais de Produto, que devem entender que o retorno financeiro está diretamente ligado à entrega realizada. 

Priscilla aponta que a empresa pode acabar se precipitando ao contratar uma pessoa de gestão de produto, porque nem sempre é uma função essencial para desenvolver soluções assertivas – um designer muitas vezes pode preencher uma lacuna da equipe. 

“Já vi empresas contratando ‘CPO mão na massa’ porque ele seria o único da equipe de Produto. Não faz sentido.”

– Victor Almaraz

A estabilidade é um fator importante?

Apesar dos layoffs recentes, Marcell comenta sobre a estabilidade na carreira em Produto, no sentido de que Tecnologia é uma área promissora e em crescimento. Esse também seria um fator decisivo para esse movimento de migração?

“É difícil afirmar que há estabilidade, acho que ela sempre é relativa. De fato a tecnologia é o core de muitas empresas nos dias de hoje, mas a estabilidade é sempre até a página 2, não tem como garantir.”

– Victor Almaraz

Farinazzo aponta que, mesmo em layoffs, as funções atreladas à tecnologia acabam sendo menos impactadas. Isso não significa que estão imunes, mas sofrem menos em situações de corte.

Até que ponto Produto toma a decisão?

Pensando que a promessa de se aproximar das decisões é um fator que atrai novos talentos para a gestão de produto, é possível dizer que isso realmente acontece?

“O PM pode decidir aquilo que ninguém quer decidir”, brinca Victor. Isso porque quando existem stakeholders interessados no projeto, o poder de decisão da pessoa Product Manager fica minado. 

É nesse ponto que entra em cena uma das habilidades mais importantes desse profissional: a negociação. Negociar e defender o ponto de vista para convencer as partes interessadas é uma característica da rotina de Produto.

“Os processos em Produto são construídos de uma forma que, lá na frente, você nem consegue apontar quem foi que tomou a decisão. Porque ela já foi tão alterada em cima de tantos feedbacks que não é possível dizer que Produto foi a área responsável por ela.”

– Raphael Farinazzo

Ou seja, Produto é uma área muito mais facilitadora do que tomadora de decisão. Mas vale dizer que isso também vai depender do contexto da empresa, do time e das necessidades do produto.

Essa dinâmica de negociação pode ser cansativa?

Na medida em que a conversa vai seguindo para os desafios de ocupar uma posição de negociação e que, muitas vezes, precisa fazer o papel de mediação entre stakeholders que discordam, fica o questionamento: não é cansativo trabalhar dessa forma?

Os convidados concordam que a posição de Product Manager tem um aspecto político que não pode ser ignorado. Mas isso não quer dizer que essa pessoa sempre precisa tomar as rédeas de tudo.

“Depende de diversas variáveis, a pessoa pode estar passando por um momento difícil na vida pessoal e por isso não queira se envolver muito em uma discussão no trabalho. Nesse momento ela vai ser influenciada pela perspectiva de outra pessoa, e tudo certo.”

– Raphael Farinazzo

O que faz a função de Product Manager ser tão especial?

Pensando nos demais cargos de gestão, porque a função de PM tem um hype tão grande? Há alguma diferença que justifique essa popularidade?

Victor opina que, pensando no aspecto político, não. Em qualquer cargo de gestão você vai ter que negociar. Porém Farinazzo aponta algumas diferenças sutis, como o discurso motivacional do time e o nível de competitividade interno (que diferem de Vendas, por exemplo). Além disso, ele comenta que o improviso é mais aceito dentro da área, deixando um pouco de lado a pressão pelo comprimento de processos que outros departamentos ainda apresentam.

“Há um glamour dentro de Produto e a gente percebe isso. Mas não é bem isso, todo mundo vai ter que entender, em algum momento, o nível de poder que tem em relação a outros stakeholders.”

– Priscilla Lugão

Todo discovery dá certo?

Saindo dos tópicos sobre mercado de Produto e partindo para discussões mais voltadas para os processos da área, Marcell pergunta se alguma vez na experiência dos convidados o processo de discovery não valeu de nada.

“Muita gente acredita que discovery que deu certo é aquele que valida uma hipótese. Eu já falo para o meu time que na verdade é quando você invalida uma hipótese. Muitas vezes você já desconfia que algo não vai dar certo, mas precisa de dados para provar isso. Então, se você conseguir essas informações, deu certo.”

– Victor Almaraz

Farinazzo menciona duas situações nas quais ele considera que deu errado porque os projetos foram descontinuados no meio do caminho, o que acabou tornando o discovery desnecessário. Já Victor conta que participou de projetos que rodaram os processos de forma errada, utilizando Design Sprint para casos que sequer visavam um MVP.

Tudo que chega no suporte precisa ser resolvido?

Em certo ponto da conversa, Priscilla questiona se todas as reclamações relacionadas ao produto precisam ser 100% resolvidas. Sobre isso, Farinazzo comenta:

“Tem muita coisa de experiência do usuário que, se você não corrigir desde a primeira versão, você nunca vai achar o argumento para voltar lá e melhorar. Tem coisas que precisam começar boas.” 

Para contextualizar melhor a linha de pensamento, ele cita o exemplo da funcionalidade de exportar dados para planilha do Excel:

“Você nunca sabe o que o usuário vai fazer com essa planilha. Ele pode criar um dashboard maravilhoso que você podia disponibilizar no seu produto, mas ao liberar o ‘exportar para Excel’ você perdeu essa visibilidade. É o tipo de coisa que vale um bom discovery.”

– Raphael Farinazzo

Ou seja, entender a dor por trás das solicitações do usuário é uma oportunidade de fazer boas melhorias no produto, compreendendo que nem todas as solicitações realmente vão gerar valor para todos os clientes.

E todos os bugs mapeados precisam ser solucionados?

“No mundo ideal sim, mas sabemos que o mundo ideal não existe”, responde Priscilla à pergunta de Farinazzo. “Alguns bugs não valem o esforço e o tempo dedicado para solucioná-los”. 

Falando sobre a realidade da vida em Produto, todos os convidados concordam que é impossível ter um produto sem bugs e uma meta como essa é muito ilusória. Por isso a questão da priorização é tão importante nessa área, já que eles sempre vão existir. 

É claro que, dependendo do contexto, o foco na solução dos bugs pode ser importante. Marcell comenta que já viveu situações nas quais esses erros impediam o desenvolvimento de qualquer novidade no produto, por isso o time se mobilizou para solucioná-los.

Em outros contextos, apenas os bugs críticos serão priorizados, como cita Victor em relação à negociação com stakeholders.

Ou seja, a visão de médio e longo prazo é essencial para avaliar essa necessidade.

Qual verdade não dita você destacaria sobre a carreira em Produto?

Para encerrar, Marcell pede que os convidados compartilhem as principais verdades não ditas sobre Produto que podem ser importantes para quem está pensando em migrar para a área.

“Alguém poderia ter me dito que as outras pessoas também não sabiam o que elas estavam falando, porque eu achava que elas sabiam e só eu estava perdido ali. Isso é mais uma dica de carreira do que de Produto, na verdade.”

– Raphael Farinazzo

“Você nunca vai ter 100% de certeza sobre todos os lados para tomar uma decisão. Muitas vezes a gente acaba se cobrando isso e gerando uma insegurança.”

– Victor Almaraz

Assista ao episódio completo

Para conferir todos os comentários de forma muito mais aprofundada, você também pode assistir o vídeo com a conversa na íntegra. Basta dar play no vídeo:

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