Product backlog: o que é e como priorizar tarefas em Produto
Vanessa Lopes

Vanessa Lopes

Product Owner na Tmov

10 minutos de leitura

Panorama do Mercado de Produto

Vamos falar sobre product backlog? No desenvolvimento de um produto é normal lidar com diversas vontades e necessidades, principalmente quando, se tratando de um produto digital, já estamos em estágio de produção, onde há efetivamente pessoas utilizando e sendo impactadas por ele.

Quanto maior esse impacto, quanto mais pessoas utilizarem e mais efetividade aquele produto tiver, eventualmente mais necessidades também existirão. Isto é, de todos os lados envolvidos, haverão expectativas, desejos e necessidades com relação ao uso daquele produto.

É muito comum que, nesse cenário, equipes menos preparadas acabem não dando a devida atenção a organização e priorização do product backlog, o que pode gerar um verdadeiro caos no sentido de que, em meio a tantas coisas a se fazer, a equipe perde a noção do que realmente é mais importante. Isso muitas vezes gera gastos maiores e baixa eficiência

Então, como definir a melhor ordem de execução das tarefas? Como garantir que o que está sendo desenvolvido é o que realmente agrega mais valor ao produto no momento? É sobre isso que vamos falar agora.

O que é product backlog?

Todo desenvolvimento de produto envolve a constante necessidade de realização de tarefas. A simples modo, o product backlog é formado por uma lista priorizada de atividades a serem desenvolvidas. É quando pegamos todos aqueles pensamentos dos stakeholders (interessados no produto) – sejam eles necessidades, desejos, melhorias – e os concretizamos em tarefas a serem desenvolvidas. Essa lista deve seguir uma ordem coerente, dentro da realidade de cada produto, que priorize a entrega de valor para o cliente final.

Parece simples, mas no plano prático é um desafio para muitas equipes. Quanto mais complexo o produto, mais cuidado tem que se ter para que o backlog não se torne uma lista confusa, cheia de desejos e expectativas das diversas partes envolvidas.

É importante seguir uma cronologia organizada e pensada para trazer o máximo de eficiência, economia e resultados. Quando falamos em entregar valor, pensamos em não apenas satisfazer as vontades de uma parte específica, mas em mensurar, em meio a tantas entregas a serem feitas e partes a serem satisfeitas, o que será mais benéfico no geral.

Por que o backlog de produto é tão importante?

A rotina de quem trabalha em Produto é bem dinâmica. Isso significa que as tarefas são muitas e a todo momento chegam novas responsabilidades. Priorizar é a melhor forma de executar tudo no tempo certo, mantendo a transparência quanto ao andamento das atividades.

Defindo o escopo de trabalho para períodos pré-determinados, é possível se organizar para entregar valor continuamente para os clientes. Ou seja, o time passa a trabalhar com entregas rápidas e eficientes.

O que é Scrum backlog?

O Scrum é uma metodologia ágil que visa acelerar processos, sem deixar de entregar valor. Considerando esse modelo de trabalho, que faz parte da rotina de Product Owners, temos também o sprint backlog.

Podemos dizer que ambos são uma lista de tarefas, mas que atuam em diferentes instâncias. Enquando o backlog de produto está focado em valores (algo mais abstrato e de médio prazo), o backlog das sprints é mais voltado para o operacional (ou seja, o que de fato o time vai executar ao longo da semana para chegar mais perto do resultado esperado).

Sendo assim, o product backlog deve ser revisitado semanalmente, enquanto que o sprint backlog deve ser repassado com o time todos os dias, definindo e reorganizando prioridades.

Qual a diferença entre roadmap de produto e backlog de produto?

Tanto roadmap de produto quanto product backlog (ou backlog de produto) são termos que fazem parte da rotina de POs, Product Managers e demais profissionais de Produto. Portanto, é comum que possa haver certa confusão para quem está começando a conhecer esses conceitos.

De forma direta, podemos dizer que a diferença entre os dois está na forma como os objetivos do produto são apresentados e também no contexto no qual cada um melhor se encaixa. Isso porque, enquanto product backlog é uma lista de tarefas que ajuda o time a se organizar para as sprints, o roadmap de produto é uma representação mais visual e macro da estratégia de produto, que serve como base de alinhamento para a empresa toda.

Como fazer product backlog?

“Como priorizar quando tudo é prioridade?”

Na posição de Product Owner, é normal que no dia a dia você viva situações nas quais tudo parece prioridade. Correções de bugs, desenvolvimento de features, otimizações, refatorações, etc. Ocorre que, por mais que isso possa parecer verdade, para que o time de desenvolvimento não perca o direcionamento, faz-se necessário definir quais tarefas são mais importantes naquele momento.

Dessa análise deve surgir uma organização quanto a entregas de curto, médio e longo prazo que fazem parte do acompanhamento da saúde do produto, a depender do modelo de gestão e metodologias adotadas.

Em outras palavras, a priorização do backlog do produto é fundamental, mas é importante adotar uma estratégia de produto macro e efetiva para que o backlog seja estruturado e priorizado em conexão a esse plano. Ou seja, devemos pensar no backlog após planejar toda estratégia de negócio e produto. 

É comum que em equipes que adotam Agile e Scrum, por exemplo, o desenvolvimento de roadmaps amplos sejam esmiuçados em backlogs práticos para equipe de desenvolvimento, associados a um plano de releases bem definido e transparente, com entregas constantes. Esse nível de estruturação, por si só, se bem executado, é capaz de gerar um alto nível de satisfação entre todas as partes envolvidas.

Resumindo e pensando em um passo a passo prático de como fazer product backlog, temos:

  1. Definição da estratégia de produto, pensando em todo o modelo de gestão da empresa;
  2. Definição de tarefas que são importantes para o momento da empresa e da estratégia de produto;
  3. Criação de um documento ou Kanban de fácil entendimento, viabilizando a gestão do projeto e acompanhamento do mesmo por parte de todos os envolvidos;
  4. Priorização de acordo com importância e viabilidade de entrega;
  5. Estimativa do tempo de projeto, de forma a acompanhar a evolução do projeto.

Técnicas de priorização: 2 frameworks práticos

Como sabemos, frameworks são ferramentas que nos auxiliam muito nos momentos em que precisamos de um ponto de partida. Quando falamos de priorização, existem 2 métodos que considero muito úteis e deixo aqui como sugestão:

Matriz de Impacto x Esforço

matriz impacto x esforço para product backlog

Esse método consiste na ferramenta de matriz acima, dividindo as atividades em quatro quadrantes de acordo com o nível de impacto que queremos obter e o esforço que isso vai exigir. Quanto maior o impacto e menor o esforço para realização de uma atividade, maior deve ser a priorização dela numa listagem de afazeres.

Ter uma matriz como essa em mente na hora de priorizar as atividades no backlog é definir o que trará mais benefício (impacto) com menor custo e tempo (esforço) no desenvolvimento de um produto. Na tomada de decisão, é importante explicar aos stakeholders que muitos dos desejos manifestados podem envolver muito esforço, mas gerar baixo impacto em comparação a outras tarefas. 

Método MoSCoW

método moscow para product backlog 2

Criado por Dai Clegg enquanto desenvolvia seus trabalhos na Oracle nos anos 90, a técnica MoSCoW foi pensada já na área de gestão e negócios para o desenvolvimento de software. A palavra MoSCoW é num acrônimo das letras maiúsculas MSCW que representam as categorias “Must Have”, “Should Have”, “Could Have” e “Won’t Have”. Consequentemente, as tasks de priorização devem ser divididas dessa forma:

  1. Must Have: “Tem que ser feito” numa tradução literal, seria a categoria para as tarefas mais indispensáveis para o produto, no qual sem elas poderia se considerar um fracasso;
  2. Should Have: “Deveria ter”, ou seja, é importante, mas não crucial, por isso são tarefas que devem vir logo após as categorizadas como essenciais;
  3. Could Have: “Poderia ter”, tarefas desejáveis, mas que também não necessárias, ou seja, a serem priorizadas apenas se as tarefas das categorias anteriores forem completadas;
  4. Won’t Have: “Não será feito”, tarefas que envolvem muito esforço e têm baixo impacto. Não devem ser priorizadas no momento.

Como podemos ver, criar e gerir o product backlog não é uma tarefa fácil. Mas, com frameworks como esses, você terá mais clareza sobre o que é mais importante no momento, conquistando um product backlog muito mais organizado e assertivo.

Conclusão sobre product backlog

Quando falamos sobre product backlog, não se trata apenas de um processo de organização de tarefas. Estamos partindo para uma priorização estratégica, trazendo todo o objetivo de negócio e do produto para um contexto mais tático e operacional. Uma vez que esse processo pode envolver muitas pessoas (especialmente em grandes empresas) deixar isso de lado pode levar ao fracasso de tudo que a empresa tinha como meta.

Sendo assim, estruturar um bom backlog de produto é essencial. Isso permite documentar informações, gerir tarefas e times, acompanhar a evolução das atividades e ajustar a rota quando necessário.

Conheça outros frameworks

Se você gostou desses métodos e quer conhecer outros frameworks que podem simplificar a sua rotina em Produto, confira também o nosso Guia de Frameworks. O material é gratuito e você pode acessar agora mesmo!

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