Como avaliar Product Managers para uma vaga ou na rotina de trabalho
Equipe de conteúdo - PM3

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14 minutos de leitura

Se você está procurando uma vaga na área de Produto ou já atua neste segmento e quer encontrar dicas sobre como montar uma equipe, este conteúdo vai te ajudar bastante. Isso porque, nós convidamos o Joaquim Torres, uma das maiores referências no mercado de Produto, para uma conversa sobre como avaliar um Product Manager para uma vaga de emprego e como montar uma área de Produto.

Este conteúdo faz parte da série Mestres de Produto, disponível no canal da PM3 no YouTube. A série de vídeos traz profissionais que são referências na área de Produto para participar de uma bate-papo aprofundado sobre os temas mais quentes do mercado, como transição de carreira, liderança em produto, avaliação de performance, entre outros.

Quais são os pilares para avaliar um Product Manager durante uma entrevista de emprego?

Observar as características básicas de um Gerente de Produto é o ponto de partida. Nesse sentido, é importante analisar se a pessoa tem empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, além de boas habilidades de comunicação.

Durante uma entrevista para vagas de Product Manager, os avaliadores testam essas características por meio de perguntas nas quais o candidato precisa ter capacidade de exemplificar, por meio da sua experiência, como ele se saiu em determinada situação no dia a dia de trabalho.

Durante o papo, Joaquim Torres comenta que prefere que um candidato fale sobre experiências que já vivenciou no trabalho ao invés de resolver cases hipotéticos, nos quais a pessoa precisa criar uma solução na hora.

Isso não significa que levantar casos hipotéticos para ver o jogo de cintura do candidato não seja relevante. Os cases são bacanas para que os avaliadores entendam como a pessoa trabalha com algo novo, algo que ela ainda não teve experiência prévia.

Mas, no momento da conversa, pode ser mais interessante ver como a pessoa já se comportou para solucionar um problema, bem como entender se o candidato tem visão do que ele acredita que deu certo e também deu errado em determinada. “Na conversa, até a pessoa se sente mais à vontade quando ela vai falar sobre algo que ela já fez”, explica Torres.

“Quando você pede para ela conversar sobre algo novo para ela, um mercado que ela não conhece, isso gera desconforto para a pessoa. É legal ver como a pessoa se vira, mas como a pessoa é de fato no dia a dia, isso você vê quando ela conta sobre a história dela. Se ela tem essa capacidade de refletir sobre o que deu certo e deu errado, aí é maravilhoso”, completa o instrutor da PM3.

Como avaliar uma pessoa para vagas de Group Product Manager ou Head de Produto?

A habilidade de mostrar como você aprendeu com seus próprios erros é muito interessante na hora de avaliar um Product Manager. Isso porque esse tipo de argumentação mostra a senioridade da pessoa.

Quando o assunto é oportunidade para Group Product Manager ou Head de Produto, entendemos que as premissas a serem avaliadas são as mesmas de todos os PMs, mas as expectativas são diferentes — já que a senioridade é um fator determinante.

Além de entender como ser uma pessoa de Produto, os avaliadores querem entender também se os candidatos às vagas de GPM ou Head de Produto têm capacidade de ajudar no desenvolvimento de outros Product Manager, se conseguem identificar os pontos de melhoria dos colegas de equipe e dar suporte para esse crescimento.

Quando um profissional chega nesse nível, ele tem responsabilidade não só de cuidar de um produto ou escopo maior, — o que por si só requer habilidades típicas de um Gestor de Produto, como empatia, capacidade de comunicação, apresentação do produto para outras pessoas, entre outros — mas também consegue ajudar no desenvolvimento das pessoas do time, sendo o tipo de perfil mais indicado para atuações como Group Product Manager e Head de  Produto.

Torres também cita um tipo de pergunta que ele costuma fazer para todos os candidatos em entrevistas de vagas para Group Product Manager e Head de Produto, que é: “Você já teve a oportunidade de demitir alguém? Como foi? A pessoa que foi demitida foi pega de surpresa ou ela já esperava por isso?”. 

Esse é um questionamento básico e importante para quem almeja cargos de liderança — já que demitir alguém, pegando essa pessoa de surpresa, é complicado. Em muitos casos, quando isso acontece, é uma atitude que mostra falta de alinhamento e oportunidades de melhoria.

Nunca mentorei ninguém, posso me aplicar para vagas de Liderança em Produto?

É comum vermos que muitas empresas questionam o candidato a fim de saber se ele já mentorou alguma pessoa ou se já liderou equipes — seja de maneira direta ou por influência. Quando a resposta é negativa, o candidato por vezes acaba sendo eliminado. É possível mitigar isso?

“Normalmente, e acredito que isso vale para qualquer mudança de carreira, até mesmo para quem é de fora da carreira de Produto, qualquer mudança é mais fácil de ser feita dentro da mesma empresa em que você já atua. Ao mesmo tempo, mudar de empresa e mudar de carreira é um passo bastante difícil de dar, tanto do lado da empresa de ter a confiança de que você vai conseguir fazer o salto, quanto do seu lado, que terá que aprender uma função nova e aprender um domínio novo”, explica Torres.

Além de ser um processo complexo, ao mudar de carreira e de empresa ao mesmo tempo, você pode estar dando um passo maior do que aguenta.

Por isso, a recomendação em situações como essa é tentar fazer a transição dentro da empresa onde você trabalha. Tente adquirir experiência e, se depois fizer sentido, você avalia ir para o mercado. Encontrar esse caminho em um ambiente conhecido é o ideal na transição de carreira de Product Manager para Group Product Manager ou mesmo fora da carreira de Produto. Isso porque o tema do produto, a estrutura do negócio, as pessoas que você já conhece ajudam no processo e sua “única” preocupação será focar na mudança de carreira.

Mas como traçar esse caminho na empresa em que você já atua? 

“A primeira coisa a ser feita é abrir o coração para seu líder e contar que você tem esse desejo, porque junto com o seu líder, você vai construindo esse desenho”, orienta o instrutor de cursos da PM3.

A partir disso, será possível identificar oportunidades de mentorar internamente pessoas. Por exemplo, vamos supor que você já esteja cuidando de uma squad e, junto com seu líder, identificam a necessidade de criar uma nova squad. Em vez de trazerem um novo PM, vocês podem cogitar trazer um Associate Product Manager e, o Product Manager que nunca teve a chance de mentorar alguém passa a ter a responsabilidade em auxiliar no crescimento profissional dessa pessoa.

Com isso, Torres explica que “você cuida de uma squad e, ao mesmo tempo, ajuda um segundo squad a se desenvolver, com escopo maior”.

Existem oportunidades como Principal Product Manager no Brasil?

Mesmo com muitas empresas no Brasil trabalhando com oportunidade de carreira em Y, na qual você tem liberdade para escolher se deseja seguir atuando com gestão ou como especialista, é comum pensarmos que para subir na carreira, o único destino é seguir para a liderança de produtos.

Diante desse cenário, principalmente fora do Brasil, é comum enxergarmos a figura do Principal Product Manager.

Principal Product Manager é uma pessoa muito sênior, com experiência igual ou superior a de um Group Product Manager ou Head de Produto, e responsável por cuidar de um produto específico e muitas vezes complexo, mas não lidera pessoas diretamente

Esse cargo vem sendo bastante visto nos Estados Unidos, mas ainda não se difundiu tanto no nosso país. Nós da PM3 acreditamos que nos próximos anos, essa carreira comece a fazer mais sentido em diferentes empresas e para diferentes profissionais. Mas por enquanto, não é o que acontece.

Torres comenta no Mestres de Produto que “eventualmente, esse cargo vai chegar aqui [no Brasil], e a ideia é ter uma pessoa sênior o bastante que não quer, não se enxerga ou não tenha habilidades necessárias para fazer gestão de pessoas, ficando focada em gestão de produto. Da mesma forma que na Engenharia tem os Principal Engineer, por exemplo, teria esse espaço dentro da área de Produto”.

Sobre este ponto, Marcell Almeida, CEO da PM3, comenta que enxerga, de forma geral, que a comunidade brasileira de Produto brasileira gosta de ajudar. “Por isso, eu vejo com muita naturalidade o caminho de ir para GPM e Head, e confesso que eu conheço só um caso de uma pessoa muito sênior que foi Head de Pessoas em outra carreira, não era nem Produto, e quando voltou a trabalhar com produto falou: não quero gerenciar pessoas, quero só liderar produtos. E ela ficou como uma pessoa gestora de produtos bem sênior, mas é um caso que eu conheço”.

Aqui no Brasil, até é possível encontrar empresas que oferecem oportunidades para Especialistas de Produto, mas, segundo o que Marcell disse, “vejo empresas oferecendo isso, mas não tem ninguém que queira ainda”.

O que analisar em uma avaliação de desempenho de Product Managers?

A avaliação de desempenho de Product Managers visa compreender o que está fluindo bem e o que pode melhorar na execução do trabalho de um PM.

Mas como essas performances reviews são executadas?

Cada empresa tem seu contexto, mas Torres acredita que a avaliação de performance do Product Manager deva ter duas dimensões:

  1. Quais foram os resultados entregues;
  2. O que o Product Manager fez diante de cada situação.

Essas 2 dimensões são sempre observadas na hora de avaliar um Product Manager porque, o que ela fez, é de fato o ponto entregável, o resultado do seu trabalho definido para atingir o objetivo no ciclo, o impacto que gerou para a organização.

Mas não basta apenas atingir o objetivo. Como o profissional se comportou diante das situações e o que ele fez para superar os desafios, para muitas empresas, acabam sendo mais importantes do que a entrega em si. Nesse sentido, é analisado como ela atingiu o objetivo, se houve trabalho em equipe ou se acabou atropelando alguma coisa.

Quem é Group Product Manager ou Head de Produto também costuma pegar o feedback das demais áreas envolvidas no trabalho do seu PM, como por exemplo a área de Engenharia. É importante ouvir o que essas pessoas que trabalham com seu PM têm a dizer sobre a troca para pontuar o que está dando certo e o que pode melhorar durante a avaliação. Essas lideranças podem, ainda, utilizar o framework da Roda de Competências para ajudar cada profissional do time a identificar seus pontos fortes e de melhoria.

Como escolher o perfil de Product Managers para montar uma equipe?

Na hora de construir uma área de Produto, seja aumentando o time ou o construindo zero, é importante pensar em como esses profissionais podem se complementar na rotina de trabalho

Isso porque diversidade é um ponto fundamental para se ter sucesso! Por isso, você deve escolher pessoas com perfis diferentes e razoavelmente complementares. Por exemplo, equilibrar um time com um PM focado em Growth e mais comunicativo, mais expansivo com outra pessoa Product Builder e mais metódica ou tímida. O ponto principal é olhar como os perfis podem se complementar sem que haja atrito.

O Instrutor da PM3 comenta que costuma chamar a atenção dos times para analisar essas diferenças e não deixar a diversidade passar batido. 

“Lembro uma vez, contratando perfil de Engenharia e falei para o pessoal: prestem atenção que a gente já tem pessoas técnicas muito boas. Talvez o que a gente precise agora é contratar alguém Gestora de Engenharia que seja boa com pessoas, e não tão técnica, porque estamos bem. O pessoal agradeceu que avisou que, se eu não tivesse falado, seguiria na mesma pegada técnica de contratação”, exemplifica Torres.

Durante a estruturação do time, tente pensar no que você está precisando. Tem aquela pessoa que é boa tecnicamente, outra que é boa com pessoas, um terceiro que é mais focado em processos. Não adianta ter uma equipe na qual todos possuem hard skills de bons executores e todos serem tímidos.

E na hora de contratar um Product Marketing Manager, o que avaliar?

O Product Marketing Manager tem a função de contar para o mundo a história sobre o produto e quais dores esse produto resolve. Na hora de analisar uma contratação para PMM, Torres cita que tenta avaliar, na conversa, se a pessoa já teve oportunidade de executar uma tarefa essencial para a vaga, e se dedica a entender como a pessoa fez isso, se ela foi muito focada nas features ou se foi mais para lado do problema que o produto resolve.

“Porque o bom Marketing é feito contando sobre o problema quando ele ainda está acontecendo. Neste ponto, você tem maior chance de fazer a venda ou de apresentar o produto”, complementa Joaquim Torres.

Perguntas clássicas feitas em entrevistas com Product Marketing Manager são:

  • Como você fez esse lançamento?
  • Como você desenhou esse GTM?
  • Qual era a mensagem que você precisava passar?
  • Qual foi o resultado que você obteve em tal situação.

É interessante falar que, muitas vezes, a pessoa ainda nem teve oportunidade de trabalhar efetivamente como PMM — na maioria dos casos, ela apenas executou um pouco do papel, e isso já conta muitos pontos positivos.

O legal que se observa no mercado é que cada vez mais estão aparecendo vagas de trabalho para Product Marketing Managers, isso porque as empresas estão vendo a necessidade e importância desse profissional em times de Produto.

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Assista ao Mestres de Produto com Joaquim Torres no YouTube

Gostou deste conteúdo? Saiba que ele faz parte da série Mestres de Produto disponível no canal da PM3 no YouTube. Para assistir ao conteúdo, é só dar play no vídeo:

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