Gestão de Produto e Negócios: o que aprendi fundando uma startup
Marcela Santana

Marcela Santana

12 minutos de leitura

10 Perguntas e respostas em entrevistas para Analista de Dados

Quem conhece a área de Produto sabe que os profissionais desta carreira podem vir de diferentes áreas. Eu iniciei minha carreira na área de Desenvolvimento e acabei estudando Product Management por me identificar com o perfil de Product Manager. Mas eu não imaginava que migrar para essa área e unir Gestão de Produto e Negócios poderia me levar tão longe.

Quando iniciei minha jornada como aluna da PM3, eu almejava ser uma Product Manager e, se tudo saísse melhor que o esperado, talvez alcançar a posição de Group Product Manager (GPM). Mas, às vezes, as oportunidades que aparecem apontam para outra direção. No Curso de Product Management aprendemos não somente a gerir produtos, mas também a gerir negócios. A principal lição que aprendi até aqui foi que essas duas coisas estão mais ligadas do que imaginamos e é sobre isso que vou falar neste artigo.

O contexto da minha jornada

Antes de apontar meus principais aprendizados, acho que vale contextualizar melhor o meu momento de virada. Era início de 2020 e, depois de 8 anos trabalhando em uma grande empresa de software em Floripa, eu estava voltando de licença maternidade e as coisas não estavam tão empolgantes. Bateu aquela vontade de fazer algo diferente. Na verdade, de um jeito diferente. Eu era Product Owner de um produto conhecido com centenas de milhares de usuários. Eu dominava metodologias ágeis, adorava o meu trabalho, era bem engajada mas algo estava fora dos eixos. 

Então comecei a colocar em prática algumas coisas, sobre as quais vou falar melhor a seguir:

Decidi estudar

Decidi que a princípio eu faria um curso, bootcamp, especialização ou qualquer formação que me instigasse a atuar com mais gás. Eu queria trazer soluções para problemas da rotina do nosso time.

Enquanto isso, a COVID-19 dava as caras no Brasil e o trabalho remoto se tornou essencial para a segurança de todos (pelo menos naquela época). Em meio a esse cenário, isolamento social e filhos em casa o dia inteiro, o curso da PM3 foi o que melhor atendeu minhas necessidades. Eu poderia cursar na hora e ritmo que eu quisesse (enquanto as crianças dormiam, risos), sem ter que sair da minha casa.

Iniciei o Curso de Product Management, e percebi que estava anos atrasada. Esse curso mudou a minha maneira de enxergar as coisas no que diz respeito da entrega de valor. “Como que conseguimos criar um produto que realmente resolve uma dor de mercado, de uma forma eficiente?” Foi basicamente isso que encheu meus olhos.

Encarei as dificuldades na prática

E agora vem uma dura verdade: só o conhecimento técnico e teórico não é suficiente, é preciso tornar viável a execução no seu ambiente de trabalho. E eu não consigo nem mensurar a variedade de motivos que podem dificultar a utilização de uma nova abordagem:

  • Cultura organizacional tradicional e resistente;
  • Liderança top-down e que tem medo do seu sucesso;
  • Pouca viabilidade do projeto, de forma geral.

Por exemplo: se você está trabalhando num produto voltado para governo, dependendo do seu público alvo, é bem provável que você não consiga aplicar técnicas de usabilidade que envolvam o usuário final. Muitas vezes nem o contrato da empresa com as instituições governamentais ajudam a executar esse caminho ideal para ter um produto de sucesso e a usabilidade vai ser comprometida sim!

Nesses casos, dificilmente a gente consegue mudar o cenário. Mas o importante é entender essas limitações e tentar. Eu não consegui fazer valer tudo que eu gostaria, mas várias coisas ajudaram sim a otimizar a entrega do nosso time. Eu lembro que uma das coisas que mais me ajudaram a ter resultado foi envolver o time técnico nas decisões de negócio (e isso você consegue fazer em qualquer contexto).

Tive um insight

Mas eu queria mais do que isso. Eu queria fazer teste A/B, entregar software toda semana, fazer experimentos monitorados, sentar ao lado do usuário e ficar por horas vendo ele trabalhar no modo analógico. Queria sentar com o time para desenhar uma solução que seria testada em uma semana.

Ao mesmo tempo eu tive um bocado de sorte. Alguns meses antes, eu e meu hoje sócio (e marido) tivemos um insight visitando uma praça de alimentação de amigos. Descobrimos uma dor de mercado nesse tipo de ambiente: os consumidores não gostam de ficar transitando em praças de alimentação para escolher o restaurante, pegar filas para fazer o pedido e depois ter que ficar procurando mesas com a comida esfriando.

Como resultado dessa observação, em 2 meses liberamos o nosso MVP. A primeira versão era muito simples (e feia): uma lista de restaurantes da praça de alimentação, que você acessava pelo QR Code e conseguia ver os pratos de cada restaurante (sequer era possível fazer o pedido por ali). Sim, era um cardápio digital para ambientes com mais de um restaurante, mas em 2020 não havia essa quantidade de cardápios digitais que existe hoje, muito menos em praças de alimentação.

Decidi apostar na ideia

Não tínhamos pretensão de montar uma startup, tampouco ser uma plataforma SaaS. O objetivo era somente ajudar colegas empreendedores a otimizar o atendimento e oferecer uma experiência melhor aos seus clientes. Porém, o negócio mostrou um potencial grande e começou a crescer de forma orgânica. Quando nos demos conta, os clientes queriam mais, as necessidades foram surgindo dos próprios usuários (clientes e consumidores). Eles queriam fazer pedidos online, chamar o garçom pelo cardápio, pagar pelo sistema. 

E foi nesse momento (eu acabava de me especializar como Product Manager pela PM3), que eu decidi que ia apostar tudo nessa ideia.

O que aprendi sobre Gestão de Produto e Negócios

Com base nesse contexto, você que trabalha com produtos digitais já deve ter uma dimensão do quão desafiador foi esse processo. Mas quando a parte do empreendedorismo e estratégia de negócio entra em cena, tudo fica ainda mais complexo. Por isso, vou compartilhar aqui alguns aprendizados que podem ser úteis para você também:

É fundamental preparar a parte financeira

O retorno vai demorar, então não pense que você vai montar um negócio e em alguns meses vai ter retorno financeiro. Esse aspecto exige muita resiliência, pois conheço empreendedores que já estão na luta há mais de 3 anos e ainda não tiraram um real do caixa da empresa.

Mesmo em negócios com alto potencial e investimentos captados, você vai ter que caminhar por muito tempo com as próprias pernas se quiser ter um negócio promissor. Então 2 comportamentos legais são: diminua seu custo de vida e faça uma reserva de emergência generosa.

Se você trabalha como Product Manager dentro de uma empresa e quer se destacar, olhar para o lado financeiro vai te ajudar a ter uma visão mais estratégica sobre o negócio, não só sobre o seu produto.

Comece pelo BMC

O Business Model Canvas é uma ferramenta simples que nos ajuda a colocar a ideia no papel e a pensar em coisas nas quais você não tinha pensado antes, relacionadas ao modelo de negócio. Não se preocupe em deixar ele perfeito na primeira versão, ele vai mudar muito, é feito para isso. Foi ele que me ajudou a organizar a ideia inicial e a ligar as pontas.

Busque apoio especializado

Com o BMC pronto, você já consegue ter uma noção de como escrever a sua ideia. Depois disso, vale buscar programas de capacitação e incubação, voltados para startups na fase de ideação.

Eu me arrependo de não ter procurado esse tipo de apoio mais cedo. Ficamos em torno de 6 meses caminhando sozinhos, achando que nosso negócio ainda não estava maduro o suficiente para buscar apoio. Mas a verdade é que existem centenas de programas no país que apoiam as startups desde a criação do MVP, sendo que a grande maioria sequer exige o cadastro nacional de pessoa jurídica. 

Mas se precisar de CNPJ, você pode criar o seu pelo Inova Simples, que trata-se de um regime especial simplificado para inscrição de iniciativas empresariais que se autodeclaram como empresas de inovação. Não é preciso nem gastar com contador para realizar esse cadastro. Ter o seu CNPJ cadastrado pode ajudar lá na frente a participar de programas que exigem tempo mínimo de constituição da empresa.

Monte um time complementar

É essencial que entre os sócios de um negócio hajam 3 competências básicas fundamentais: técnico, comercial e perfil empreendedor. Quando eu falo perfil não estou falando que a pessoa precisa ser experiente, mas ela precisa ter um perfil voltado para o empreendedorismo. Ou seja, dispor de algumas habilidades, como:

  • Bom relacionamento interpessoal;
  • Flexibilidade para lidar com mudançar;
  • Vontade de aprender coisas novas. 

Não se preocupe se você não tiver o time completo desde o dia zero, essa competência pode surgir ao longo da jornada. Mas tenha sempre em mente que, em determinado momento, o negócio pode empacar se elas não se desenvolverem no time. Vale estudar também sobre Growth e Marketing para entender como fazer o negócio escalar.

Estude sempre

Hoje não existem mais barreiras para aprender. Agora mesmo, você está aqui consumindo esse conteúdo que vai te ajudar a dar um passo inicial. Você tem a opção de acessar conteúdos gratuitos de muita qualidade, como é o caso do próprio blog da PM3.

Além disso, eu indico muito a leitura destes 3 livros:

Inspire outras pessoas

Não tem maneira melhor de aprender do que compartilhar o que você já aprendeu com quem tem interesse e precisa. Sendo assim, participe de grupos, escreva artigos, faça postagens nas redes sociais, sem medo de se expor. Não se importe com quem vai criticar e use isso para aprender coisas novas.

No ano passado, fomos selecionados para o primeiro programa de incubação voltado para foodtechs do Brasil e hoje estamos em uma incubadora de startups que já foi eleita uma das 5 melhores do mundo, segundo ranking do UBI Global. 

É cansativo sim, a cabeça da gente não para nunca. Mas confesso que nunca me senti tão realizada profissionalmente. Poder desenvolver um projeto que está gerando empregos, ajudar nossos clientes empreendedores a otimizar os seus negócios e melhorar o dia a dia dos consumidores é algo incrível.

Como minha bagagem de Produto me ajudou

Posso dizer que desde o dia zero tirei aprendizados do meu contexto em Produto que foram essenciais para o sucesso do meu negócio. Com a bagagem que já tinha, fui capaz de:

  • Colocar minha ideia no papel;
  • Construir um MVP;
  • Encontrar o Product-Market Fit;
  • Criar e acompanhar as métricas do meu negócio;
  • Montar times (tarefa que ainda está na fase inicial).

Além de tudo, a troca intensa que temos na comunidade faz com que estejamos sempre atualizados. Os artigos, discussões e eventos mantêm viva aquela vontade de estar sempre melhorando.

Conclusão

No início dessa jornada, minha expectativa era apenas fortalecer minhas hard skills, evoluir como gerente de produto e ter um salário melhor. Hoje, vejo que consegui muito mais do que isso. Além da oportunidade de criar um produto digital do zero, adquiri conhecimento estratégico para tocar um negócio independente.

Quando tudo começou eu não tinha confiança de que chegaria tão longe, mas hoje tenho certeza de que estamos no caminho do sucesso. Ainda temos batalhas pela frente (e elas estão todas priorizadas no roadmap), mas nosso negócio acaba de ganhar um novo sócio e entramos na fase de crescimento.

Continuo na luta para fazer esse projeto chegar a um ponto de equilíbrio. Não é fácil, a rotina é puxada (mais do que era antes) mas quando temos uma base forte e coragem, tudo é possível!

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Aqui na PM3 nós temos como visão tornar o mercado brasileiro de Tecnologia a referência mundial em Product Management. E para fazer isso acontecer, nós levamos a nossa missão a sério: formar os melhores profissionais da área de Produto.

Por isso, reunimos especialistas em Produto para compartilhar cases reais do nosso mercado no conteúdo do Curso de Product Management. Dessa forma, você receberá uma formação completa e no nosso contexto, com exemplos de quem realmente faz produto no Brasil.

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